No mês passado, uma aluna de uma universidade paulista passou pelo constrangimento de passar pelo que a imprensa chegou a chamar de “assédio em massa”.
Apesar de hoje em dia as universidades estarem prontas para uma atitude conservadora, não foi bem isso o que aconteceu – no meu entender.
Não foi uma atitude conservadora, moralista, porque não foi um protesto, pelo menos por parte da maioria. Apesar de ter sido xingada, foi por uma minoria.
O que algumas mulheres precisam aceitar e considerar, é que o corpo da mulher chama a atenção dos homens. Parece óbvio, mas é negligenciado por algumas calorentas, e quando mais os trajes são apelativos, maior é a instigação masculina. Se acrescentar a isso uma situação em que há um enorme contingente de adolescentes que estão no paroxismo da testosterona, isso pode virar uma bomba.
Já presenciei em shopping, uma menina que numa micro-saia chamava a atenção ao subir pela escada rolante, com cara de que estava adorando ser o centro das atenções e das manifestações. Ela sabia o que estava fazendo. Como é um ambiente de menor concentração e de contingente variado – mulheres, adultos, idosos, etc – alguns estavam babando, mexendo, fazendo comentários, a menina gostando, rindo com sua amiga como se não fosse com elas, mas ninguém “passou o sinal”. Não sei se uma menina dessas liga para a fama que pode vir a ter na escola, na vizinhança, e inclusive entre suas próprias amigas.
Se uma mulher quer ir à faculdade com um vestido, uma saia curtíssima, não é questão de ser moralista, mas é maior a chance dela ouvir impropriedades. Quanto mais insinuantes os trajes, mais insinuantes os olhares, os comentários, e menor o respeito. Da mesma maneira, as pessoas que se aproximam de uma mulher que está com o corpo à mostra, é nisso que estão mais interessados. Por outro lado, a molecada adora uma “zoeira”. “Vô só pá zuá!”
Quanto aos moleques, além de serem meio imaturos, estão com sua sexualidade em ponto de bala. Dependendo da idade, masturbam-se mais de uma vez ao dia e só pensam “naquilo”. Aparece uma mulher semi-nua à frente, ficam subindo pelas paredes.
Deixando bem claro, se os meninos têm o direito de ter uma fase em que sua sexualidade está saindo pelos poros, as meninas também o têm, o problema são as consequências.
A universidade como espaço de liberação sexual e de costumes, de politização, já passou. As vezes dá uma recaída aqui e acolá, rola um protesto, umas palavras de ordem, nada tão expressivo. Principalmente universidades particulares que são shoppings de diploma, um ambiente estéril para movimentos e manifestações libertárias ou de contestações.
Se pelos jovens acadêmicos o Brasil cresceu e conspirou contra a ordem, absorveu o que havia de mais novo e irreverente na Europa transformando as novas ideias em inconfidência mineira, o sentimento de independência, o movimento abolicionista, e outros mais, hoje esses estabelecimentos propagam o individualismo, o visual yuppie, e o consumismo.
O caso não foi desencadeado por uma atitude conservadora coletiva, mas por um contingente sexuado e alienado.
Já havia concluido o texto quando li no Terra que a menina foi expulsa da instituição por “gestos e atitudes inadequados”, apesar de a direção da faculdade não saber explicar quais foram eles. Segundo nota da Uniban publicado no jornal O Estadão, de domingo, 08 de novembro, “A atitude provocativa da aluna buscou chamar a atenção para sí.”
A atitude conservadora e moralista, partiu da direção da universidade,