sábado, 24 de outubro de 2009

Tem Judas querendo se passar por Cristo.

Lula Iscariotes
Aproveitando a deixa que o presidente Lula deu esta semana sobre Cristo e Judas, procurando justificar suas alianças espúrias de consequências ídem para o país, parece dificil achar um Cristo nesta história em que parece tratar-se de uma confraria de Judas. Diga-se de passagem que trinta moedas de prata aí virou fichinha. Os Judas que assenhoram Lula e compõe todo o cenário político nacional fariam com que o Judas verdadeiro não tivesse o remorso que teve.


Judas bíblico arrependeu-se, não aguentou o remorso, devolveu o dinheiro e s'enforcou. A frente Iscariotes nacional deita e rola e ainda “se lixa” para a opinião pública. Quando a imprensa junto com a opinião pública começaram a meter o pau por que os parlamentares estavam utilizando verba pública para sua curriola andar de jatinho pra cima e pra baixo entre outras benesses, eles aprovaram uma emenda (um remendo)legalizando a falcatrua. Alguém espera que umas tranqueiras dessas se arrependam, que passe pelas suas cabeças uma luz patriótica? Soa rizível.

Nossos Judas são mais espertos que os outros. Cristo aí é um Judas fazendo cena. Quando Lula reclama da situação, esconde embaixo do tapete o quanto contribuiu e se valeu da situação. O partido de Lula ofereceu as moedas de prata ao Congresso tentando arregimentar seu apóstolos no legislativo. A traição levou à inconfidência, que desmascarou o mensalão. Judas negou Cristo por três vezes. Só o PT acreditou em sua versão.

Lula tem um pouco de razão ao reclamar que o sistema político não ajuda, mas teve muito tempo para mudar isso, e muito prometeu. Chegou a dizer que se reeleito a primeira reforma premente que faria era a política, mas passou calado pelos dois mandatos. Agora chora. Como seu antecessor, também reclamou, também prometeu, e também relegou ao próximo.

Como seria sem o fisiologismo?

Costuma-se reclamar que os parlamentares estão interessados apenas em dinheiro e poder, mas, cutucando a onça, não é melhor assim? O sistema político nacional falsamente mais democrático deixa o eleitor botar forças antagônicas no poder na mesma legislatura (pode-se votar em “A” pra presidente e no “anti-A” pro legislativo, e vice-versa). O excesso de partidos que dificulta conseguir maioria, o executivo eleito tem que “dar um jeito” de conseguir maioria pra tocar seus projetos. No Brasil, a composição ministerial ou de secretários, está muito longe de ser por méritos. São cargos utilizados para “compor a maioria” no legislativo. A que presta uma reforma ministerial, ou de secretariado senão comprar essa maioria?


Como seria se uma vez eleito sem maioria tendo um legislativo composto por – quase – todos ideológicos, defensores de um ponto de vista e dos interesses de sua classe. Como o governante governaria? Governaria? Uma vez apresentado um projeto, se quem é contra, é contra por que não concorda, por convicção, e quem é a favor o é por que o acha positivo,também por consciência, como se atingiria o ponto de inflexão, como se alcançaria a maioria? Ou um governo escolhido pelo povo, sem maioria, seria barrado pelo – também eleito – legislativo? Por isso Lula tem um pouco de razão quando disse que se Cristo governasse aqui, teria que fazer aliança com Judas.

Por isso é uma falsa impressão dizer que o sistema eleitoral brasileiro é mais democrático pelo fato do eleitor poder escolher inconsequentemente seus preferidos sem nenhum vínculo entre poderes. Esse sistema “democrático” na vontade, quando chega na ponta vira “fisiológico” na prática. As regras forçam este estado de coisas.

Este “democratismo” permite que se coma a sobremesa antes da refeição, e a consequência é uma falta de apetite, que trás uma subalimentação, uma subnutrição. Temos um sistema doente que dá a faca e o queijo na mão para os que se vendem, como bem assume o PMDB. É o fiel da balança, com uma grande bancada nas duas casas e cobra caro por isso. O governante – o país – paga por isso. É o que vivemos hoje politicamente, as consequências de uma distorção política bem intencionada e mal ajambrada.

Uma reforma política precisaria de algum modo vincular o voto do executivo ao do legislativo, mais ou menos como no parlamentarismo, que governa a maior bancada eleita. Isso não é cerceamento, é dar o passo que a perna aguenta. Mais que isso, é intitucionalizar a “república do deita-e-rola” que vivemos hoje.

domingo, 18 de outubro de 2009

Filme Polonês

Em 1939, a Polônia foi invadida do oeste pelos alemães, os nazistas, e pelo leste pelos soviéticos, conforme pacto entre Hitler e Stalin. Assim começava a Segunda Guerra Mundial. É sobre esse contexto o filme “KATYN”(há um acento sobre o “N” , conforme ilustração, que meu teclado insiste em não querer grafá-lo, saindo apenas de lado como um apóstrofe)


Doze mil oficiais poloneses feitos prisioneiros teriam sido assassinados na Floresta Katyn. Quando o massacre veio à tona, os alemães acusaram os soviéticos, e os soviéticos acusaram os alemães. Com o tempo, conforme as evidências foram aparecendo, ficou claro que as mãos de Stalin estavam sujas de sangue.

Um aspecto muito interessante é que o filme é falado em polonês (prefiro o áudio original, legendado), dando pra se ouvir a sonoridade do idioma.

A polônia, ao final do conflito virou área de influência soviética, e por isso ninguém podia tocar no assunto, senão seria tido como “inimigo do povo” e sofreria as consequências.

Saindo um pouco do filme, mas ficando ainda na Polônia, se os alemães não foram os responsáveis pelo massacre de Katyn, não deixaram por menos. O mais famoso campo de concentração, Aushwitz, estava na Polônia, e não na Alemanha, como é comum se confundir. Ali foram exterminadas mais de um milhão de pessoas. Alias, não foi o único, haviam grandes e pequenos campos de concentração, sendo utilizados tanto para o extermínio, como para trabalho escravo, forçado, e “experimentos científicos”, que teve como figura mais conhecida, Josef Menguele.

A Polônia foi palco de um grande sofrimento para um grande número de famílias num verdadeiro show de carnificina, mostrando que os principais líderes do mundo tinham, muito poder e nenhum escrúpulo.

Quem gosta de filme com sofrimento do começo ao fim é um prato cheio.

Qual mundo?

Daniela Mercury, entrevistada após cantar o hino nacional brasileiro em versão rítmo baiano, na abertura do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, se dizia emocionada por cantar para o mundo todo, uma vez que se tratava da abertura de um evento internacional.


Apesar de hoje um inglês ter se tornado campeão mundial, uma parte “do mundo todo”não deu a mínima.

Para a imprensa norte-americana não existe Fórmula 1. Os site do “New York Times”, “USA Today”, “The Washington Post”, “Newsweek” e “International Herald Tribune”, não publicaram um “a” sobre o evento.

Entre os britânicos, “The Economist”, que não trata apenas sobre economia, também não tomou conhecimento. O “Sunday Express”, deu uma notinha com uma fotozinha bem michuruca lá quase no pé da página. O “Guardian” nem deu bola.

O “The independent on Sunday” deu a manchete com foto modesta no topo da página: “Button crava título mundial de Fórmula Um no Brasil”(segundo meu inglês macarrônico)

Ai sim, o “Mirror” que tem cara de tablóide sensacionalista estampou uma foto do piloto com enunciado em letras garrafais: “Campeão do mundo. Button é o rei da F1”

O “The Sun”, também com cara de tablóide, vem com vários assuntos mais destacados, e a conquista de Button, numa foto e manchete menor, meio perdida no meio da página.

A impressão que passa é que este esporte, muito popular por aqui, pra aqueles lados, é como corrida de patinete, campeonato de bolinha-de-gude, ou coisa parecida, ninguém dá muita bola.

De fato, tem gente no mundo todo acompanhando o evento, mas não tem o mesmo apelo que tem por aqui. Como os esportes muito populares por lá, como o futebol americano que estampa fotos e manchetes em toda a imprensa americana, até tem quem acompanhe por aqui, mas é um público muito pequeno, pode ter algum time, algum campeonato, mas nem aparece na imprensa daqui.

A virtude de Daniela foi ter cantado o hino nacional de maneira empolgante, sem diminuí-lo, e quase sem erros. Mas o “mundo todo” nem percebeu.

sábado, 17 de outubro de 2009

O quarto poder

A “lei de mídia”aprovada pelo senado argentino tem seu lado positivo e negativo. Positivo por que diminui o poder de oligopólios da comunicação. Redes nacionais de rádio e televisão aberta e a cabo, junto com a mídia impressa, tudo pertencente a uma única empresa, limita a tal “liberdade de informação”, caminhando no sentido de “oligopolização” de opinião. Meia-dúzia de empresários da comunicação impõe uma visão de mundo e o que é certo e errado. Mais fácil de manipular fatos e verdades. Mais ou menos o que acontece no Brasil, em que cinco famílias dominam os principais meios de comunicação e de opinião: a família Mesquita, do Estadão, os Civitta, da Abril, os Frias, da Folha, os Saad, da Bandeirantes, e os mais influentes, os Marinho, da Globo.


O lado negativo da lei argentina, é que, apesar de ser uma necessidade a diversidade, e por isso a restrição, a iniciativa se deu por que o oligopólio d'O Clarín estava denunciando as falcatruas e enriquecimento desproporcional do casal Kirchner. É uma publicação de oposição, não fosse por isso, continuaria podendo ser dono de jornal, rádio, televisão, etc, tanto que o casal presidencial deverá repassar concessões aos “amigos do rei”. A lei é uma clara manipulação dos meios de comunicação pelo governo.

Outro fator positivo foi o campeonato nacional de futebol, que não passava na tv aberta, apenas em a cabo, que é pago, pra assistir aos jogos precisaria adquirir o pacote, agora será transmitido em canal aberto, gratuito.

Aqui no Brasil, não se chegou a esse ponto, de não se poder assistir a um jogo na tv aberta, mas é um canal de tv que impõe o horário do jogo, de acordo com sua grade de programação, como se o futebol fosse propriedade dessa emissora.

O brasil tem uma infinidade de rádios, tvs locais, etc, mas boa parte funcionam como afiliadas de grandes redes, formando no final das contas, um grande oligopólio da comunicação. A internet por enquanto tem sido um grande canal alternativo de informação e opinião.

Seria muito positivo se o Brasil adotasse medidas como nos EUA e Europa em que proprietário de mídia impressa é de mídia impressa, de rádio é de rádio, e assim por diante. Não é como aqui, que uma empresa é dona de zilhões de canais de tv aberta e paga, jornais impressos, e zilhões de rádios AM e FM. A liberdade de opinião e de informação foi pras cucuias há muito tempo. É um lugar onde é mais influente o tal do “quarto poder”, o poder dos meios de comunicação.

sábado, 10 de outubro de 2009

Gravadoras lançam lixo para fã não esquecer ídolo

Está pra ser lançada uma faixa inédita de Michael Jackson, “This Is It”, que será trilha sonora de um filme que será lançado em cd duplo, que mostrará cenas do ensaio do show que preparava quando morreu.


Isso é só o começo. Daqui pra frente, quase todo ano deverá ser lançado alguma “coisa” sonora de Maicol por toda a eternidade. Olhando o que aconteceu – e acontece – com os Beatles, Elvis, etc, dá pra ter uma ideia do deverá acontecer com o “rei do pop”. Até hoje lançam acordes, espirros, trechos de músicas, conversa fiada de ensaios, desafinadas, etc. Dos Beatles, por décadas esse tipo de material foi posto à venda, mostrando que as gravadoras não têm escrúpulos e os fãs estão dispostos a comprar todo lixo que as gravadoras disponibilizarem. Se os fãs não dessem trela pra esse tipo de expediente das gravadoras, isso teria acabado há muito tempo.

Imagine o quê não deve ter guardado de tranqueira, e até alguma curiosidade interessante de Madonna, que começou nova e hoje já é uma senhora. Rolling Stones e Bob Dylan, que tocaram na Arca de Noé, entre outros. Por mil anos vão lançar “novidades” deles.

Outro recurso que as gravadoras costumam utilizar é botar um defunto para fazer parceria com algum artista vivo. Nat King Cole, depois de morto apareceu fazendo um dueto com sua filha na faixa “Unforgettable”. Elvis que morreu em 1977, apareceu num som todo moderninho, numa mixagem de “Little Less Conversation”. Até Raul Seixas entrou na onda e mesmo depois de bater as botas, apareceu fazendo um dueto com aquela cantora brega, Rosana, na canção“A Maça”, de letra meio libertina.

Como os programas de computador se multiplicam como coelho, e evoluem da noite pro dia, há um horizonte de possibilidades à perder de vista. A hora em que computadores conseguirem – se é que já não conseguem – recriar o timbre de voz de algum artista, ou ilustrando, replicar o “DNA” do timbre de voz de alguém, junto com sua personalidade de cantar, aí quem sabe Elvis, Beatles, Michael Jackson, Raul, Sinatra, Luiz Gonzaga, Lennon, etc, voltem a gravar.

Com os recursos gráficos cada vez mais perfeitos, aparecerão em clipes como se de fato estivessem vivos. Imagine convencer uma platéia de fãs que seu ídolo morreu, se todo ano ele lança coisa nova. E como convencer que ainda está vivo, ou que existe de fato, se o que é apresentado, não dá pra distinguir o real do virtual.

Deixemos estes dilemas pras próximas gerações.