segunda-feira, 16 de abril de 2012

O aborto de Deus.

Sobre os anencéfalos, fetos com má formação, sem condições de sobrevivência, é preciso dizer que a questão não se trata de defender a vida, ou o que o valha como querem os cristãos reacionários. Atrás do discurso da vida, se quer esconder e pregar um pensamento reacionário e obscurantista como se fosse coisa de deus, mas se trata, na realidade de valores e argumentos mesquinhos que não existem além de suas cabeças deformadas.

Impor a uma mulher, ou a uma família que carreguem uma vida que não se sustentará, não é de maneira nenhuma defender a vida, é impor aos outros sua visão distorcida e deturpada de realidade. Imagine uma gestante ter que justificar às amigas, às vizinhas e a todos seus próximos que a criança morrerá ao nascer. Por que cumprir essa pena se existem recursos e conhecimento suficiente para evitar esse tipo de constrangimento e humilhação? Só para dar satisfação aos setores mais conservadores da sociedade?

As anomalias são comuns na natureza, que processa a vida em grande escala e diversidade, gerando aprimoramentos e aberrações. O ponto de vista científico, material, os “passos em falso” da natureza, apesar de lamentáveis são uma realidade superável. Para os que se amparam em mitologias, uma disfunção é encarada como uma sina a ser encarada e assumida como uma pena, um desígnio de seu deus.

Quem abortou a vida dessa criança em primeiro lugar foi o próprio deus, que o mandou sem condições de sobrevivência. Então por que insistir em levar essa vida adiante, até seu nascimento, se se pode evitar todo esse sofrimento de modo seguro para a mãe, uma vez detectado precocemente o problema no pré-natal?

Aos “defensores da vida”: quanto maior o período de gestação de um anencéfalo, maior o risco à mulher, podendo vir a sofrer seqüelas.