terça-feira, 17 de novembro de 2009

No princípio era o verbo...

Antes d'eu fugir do mobral, aprendi na escola que verbo era aquilo que indicava ação.


Depois os teóricos que analisam tudo com lupa, resolveram que o conceito estava errado, fora de foco, que não explicava como deveria e tal, e daí resolveram reexplicá-lo. Um milhão de descrições apareceram.

Tô eu aqui fuçando na internet e coçando minhas pulgas, quando vejo numa página que “verbo é a classe de palavras que possui a maior quantidade de flexões: tempo, modo pessoa e número.” Que raio de explicação é essa?

Acompanhando o raciocínio, vamos explicar o que é carro: é um objeto que possui um grande número de peças: pneu, lataria,banco, vidro... Tá explicado o que é carro? Passou longe, né?!

Quando vejo essas coisas, lembro do conceito de cultura, que acabou virando um monstro que ninguém se atreve a pôr a mão. Cultura é tudo e não é nada. Antropólogos, etnógrafos, macumbeiros, culturólogos, historiadores(culturais), pipoqueiros... tantos tentaram esgotar o conceito e como todas as tentativas foram rejeitadas, acabou virando uma assombração. Sempre falta um dedinho, uma vírgula, tem alguma coisa a mais que não cabe a essa ou àquela civilização.

Tem gente com medo de escrever sobre o tema, porque tem que, mais ou menos dizer de qual conceito mais se aproxima, e daí precisa estudar milhões de textos de teoria e 'contra-teoria' a respeito, pra no final acabar com uma interrogação sem tamanho embaixo da peruca. Outros, apesar de tratar de temas relacionados, assumem que não vão se embrenhar nessa mata espessa.

Se os “grandes” e “tarimbados” não conseguem tirar o conceito do lodaçal, o que dirá um acadêmico “dente-de-leite”.

Essas coisas, por mais exdrúxulas que possam parecer fazem parte do universo acadêmico, de querer aprimorar o conhecimento, o problema é que pode acabar dando nesse 'terrorismo conceitual' que critica tudo e todos, rotula os que tomam posição, e o mais fácil é apontar pontos fracos, o difícil – as vezes impossível – é esgotar alguma coisa num conceito. E outra coisa é a salada de explicações que acaba aparecendo.

Aquele conceito de verbo qu'eu aprendi lá no paleolítico, ainda me lembro, e é o suficiente pra entender do que se trata, já todos esses conceitos novinhos, tão precisos, tão atuais, acabam sendo tantos, que reconheço: não sei mais o que é verbo.

O que é verbo?

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