sábado, 21 de novembro de 2009

Só resta à Fifa assumir as consequências.


Thierry Henry

Fez o que muitos fariam, assumiu como poucos assumiriam.

O mundo caiu de pau em cima da Fifa pela maneira com que a França se classificou e a Irlanda foi desclassificada. Por uma jogada do jogador francês que estava mais para volei que futebol, uma ajeitada de mão que o mundo todo viu devido à tecnologia e deixou numa situação delicada não só a arbitragem como a própria Fifa.


Perto de uma semana atrás, em uma partida do campeonato brasileiro, o árbitro anulou um gol legítimo causando uma enorme polêmica, que teve como desfecho, seu afastamento dos campos até o fim do campeonato.

Hoje existe tecnologia que não acaba mais, que elucida qualquer lance de maneira clara e objetiva, na hora. Quem assiste uma partida do ludopédico pela tv, vê as emissoras se utilizando de recursos virtuais que dissecam todo lance, esquadrinhando o campo, congelando a imagem, fazendo um giro do lance mostrando-o por outro ângulo, medindo distâncias, velocidade da bola, etc, tudo simultâneo. Mais rápido que pastelaria.

Se a entidade suprema do futebol represa a tecnologia não servindo o esporte de recursos que outras modalidades têm, é preciso assumir as consequências. A maior delas é o risco de os árbitros e a própria Fifa caírem no descrédito, ou até terem posto sob suspeita sua integridade moral.O mundo todo viu o que só o juíz – acho – não viu.

Esse francês vai ter que fazer muito para não ficar estigmatizado, pode passar a eternidade arrastando essa cruz, servindo de referência para desonestidades, atos antiesportivos, e por aí afora.

O futebol hoje é seguramente o esporte mais popular do planeta, e seu auge, a Copa do Mundo. Enquanto a informação corre o mundo na velocidade da luz, a arbitragem parou na época do cinema mudo, talvez a mesma idade de seus dirigentes internacionais. A arbitragem está na era em que havia dinossauros e João Havelange usava calças curta.

Nada mais em campo parou no tempo. Os jogadores são atletas profissionais que têm empresários. Os clubes, não são mais como eram antigamente, são empresas que fazem contratos milionários, têm centros de treinamento modernos, etc. Os jogadores, além do técnico, são assistidos por médicos, psicólogos, têm toda uma equipe técnica por trás. Existem “direito de imagem”, “direito de patrocínio”, rola muito dinheiro. Mas o apito é o mesmo do começo do século passado.

A argumentação de que nem todos os clubes podem dispor dessa tecnologia é nivelar o futebol mundial pela várzea. É só uma questão de estipular como deve ser em cada nível. A tecnologia de uma partida da série “A” será logicamente diferente de uma partida da série “B”, “C”, ou “D”, da mesma maneira que será diferente para uma Copa do Mundo. É uma questão de (falta de) vontade.

Essa falta de recursos tecnológicos para elucidar os lances polêmicos não é visto como uma coisa romântica, de dar mais emoção às partidas, como argumentam alguns, mas demonstra um incompreensível atraso. Enquanto isso não muda, são os árbitros que sofrem as consequências.



Em tempo: Pode-se dizer sobre a França que foram DOIS escândalos. O primeiro, pela classificação por um ato ilícito, desleal, da ajeitada da bola com a mão, e o segundo, pelo fato de uma seleção de peso como a francesa se classificar na repescagem. Quem diria.




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