quinta-feira, 11 de junho de 2009

Há 120 anos atrás...


“CORREIO PAULISTANO” - 9 de janeiro de 1889.
Duello a nariz

Em New-York duas senhoras tiveram ultimamente um duelo que terminou a dentadas estipulando-se que aquella que arrancasse o nariz à outra ficaria vencedora pagando porém à desnarigada vinte contos de reis, por indemnisação.

Desastres em Santos

Ante hontem, nesta cidade, o bond que de S. Vicente parte ás 9 ½ horas da manhã, ao atravessar o caminho antigo para S. Vicente, em frente á chácara denominada Philosophia, matou uma rapariga preta de 12 annos e esmagou o pé de uma outra preta.

O desastroso facto foi assim narrado pelo Diario de Santos:

“Logo que o bond entrou na linha, na parte em que ella é parallela a estrada ingleza, nesta passava o trem, que aqui chega ás 10 horas.

“Vinhamos despreoccupados, saudando com o lenço os passageiros, que se debruçavam ás janellas dos vagões, quando, depois de um apito da machina do bond, sentimos que este passava sobre alguma coisa insolida. Com effeito, tendo parado o bond por ter se descarrilhado o ultimo de traz, dos dois que vinham puchados pela machina, e tendo os passageiros, em grande número, descido para a linha vimos logo atraz, no lugar onde acabavamos de passar, um espectaculode arrepiar as carnes e cortar o coração mais empedernido: ao lado do trilho encontrava-se um tronco de corpo de mulher decepado pelas verilhas e com as visceras palpitantes á mostra. Era a rapariga de que acima fallamos. Logo adiante, uma preta debatia-se com a dôr do pé completamente esmagado.

“Passado o primeiro momento de estupôr e indecisão, entre os passageiros que acercavam-se da preta ferida, o sr. Amaral Rocha, ergueu uma criança de 3 mezes, que esta trazia, e que por felicidade escapou incolume, a qual este cidadão entregou a uma sua gentilissima filha que vinha no bond.

“Feito isto, o mesmo cidadão ajudou o dr. Barros, que havia ficado estancando o sangue que jorrava do pé esmagado da preta e a collocal-a em uma carroça, que por acaso lá estava e a mandaram entregar na Casa de Misericordia.”

Attribuo a causa deste desastre a um mero acaso.

A rapariga esmagada chama-se Benta, e é filha de Maria Benta. A que perdeu o pé chama-se Rosalina, e é mulher de Manoel Wenceslau, empregado da limpeza publica.

Foi amputado o pé da infeliz Rosalina, pelos facultativos drs. Motta e Silva, Julio de Moraes e Furtado.

No mesmo dia, á 1 hora da tarde, o portuguez Manoel Fernandes, canteiro da pedreira pertencente ao sr. Reis, estando a trabalhar, cahiu-lhe tão desastrosamente uma pedra sobre o pé esquerdo, que esmigalhou-o completamente.

O infeliz foi recolhido ao hospital da Beneficencia Portugueza, sendo-lhe também amputado o pé pelos medicos drs. Jardim, Julio Furtado e Julio Moraes.

Ambos os operados acham-se fóra de perigo.

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