Woodstock está completando quarentaninhos. Muito vovô e vovó que hoje fazem papel de caretas, quadrados, tem um passado que não revelam e morrem de medo quando a nova geração quer abrir as asas e voar sem companhia dos mais velhos. Até porque a gente quando novo se acha seguro, acha que tem o controle das coisas e que uma balada é só uma balada, curtição, o negócio é ser muito louco, que vamos estar no meio de amigos e todo mundo é legal, gente fina, etc. Quando a coisa muda e se está na posição de pai, mãe ou avós, ver os filhos ou netos chegando na idade em que o cordão umbilical se rompe de fato, e a molecada quer ir pra rua, ficam inseguros, com medo do perigo que o mundo representa para os pupilos. Mesmo os pais/avós tendo um passado de porra-loca.
Mesmo quem tem muita história pra contar, viveu muita aventura, pintou o sete, se parar pra pensar, vai chegar a conclusão que havia uma guerra surda paralela acontecendo. Muita gente acabou pelo caminho, viraram saudade. Morreram no auge da pauleira, da porraloquice, e apesar de ser um baque grande na moçada, na próxima semana todo mundo estava com tudo na cabeça e mal se lembravam dos amigos ausentes.
Outros acabaram dependentes de álcool ou droga. Alguns sobraram e estão bem, outros nem tanto, mas acho que o principal ponto dessas e outras gerações a partir de udistoque, é que de fato ninguém se conhece. Ninguém sabe dizer aonde mora sua fraqueza. Se está num copo , num cigarrinho 'feito na hora', ou numa carreira de pó. Ninguém adulto, muito menos a molecada pode prever quem depois de um ano estará acorrentado a um vício, e muito menos saberá que dentro de um ano ou um pouco mais, não existirá mais.
Essas 'experiências de vida', ajudam a fazer com que muitos pais e avós que foram muito loucos, tenham uma postura conservadora diante de seus filhos e netos – é compreensível. A molecada só vai entender isso quando forem pais e avós.
Desculpe meu texto deprê, mas apesar de que datas de aniversários são pra se comemorar, fazer festa, lembrar os bons momentos, acho que além dos acordes dissonantes, das quebras de regras, a liberdade, etc, tem mais coisas a serem levadas em conta, junto com todas as mudanças de comportamento da geração woodstock.
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