No começo da semana, o Jornal “Bom Dia Brasil”, da Globo, numa reportagem exibida pela manhã, teve como o tema o problema das motos no trânsito. Como não tive tempo antes, manifesto-me agora.
O jornalista Alexandre Garcia, entrevistando o professor da Universidade de Brasília, David Duarte, doutor em segurança de trânsito, perguntou como é que o motociclista morre, e o “especialista” respondeu:
_Há dois tipos de colisão básica nas grandes e médias cidades. Primeiro, como ele trafega numa velocidade muito superior a dos automóveis, ele bate na traseira. E aí ele se fere, e morre. O segundo padrão, é que ele não dá conta de sair da freada do veículo da frente, joga pra lateral, e bate na lateral.
Primeira coisa, eu ando todos os dias de moto por São Paulo e raríssimamente se vê moto batendo na traseira de carro, caminhão, ônibus, etc. O último que me lembro já deve ter mais de ano. Segunda coisa, o fato do motoqueiro fluir mais rápido que carro não é justificativa pra colisão traseira. Isso não existe. Pelas palavras do “professor”, a moto parece se deslocar cegamente como um míssil.
O “segundo padrão”é de um desconhecimento atroz. Dizer que o condutor da moto não dá conta da freada do veículo da frente e “joga pra lateral” é, não só desconhecer, como “chutar”, falar qualquer coisa pra justificar o que ele não tem a mínima idéia do que acontece. Não é o veículo que sai de lado, é a moto que se joga na lateral do veículo. Tá bom.
Uma estatística apresentada há anos mostrou o óbvio: a maior parte dos acidentes em que há envolvimento de motos, é o carro quem derruba a moto. O veículo ao mudar de faixa de rolamento acaba derrubando a moto, até sem intenção, por falta de visão, uma distração, pelo fato das motos se deslocarem com mais rapidez.
Dizer que são as motos que se chocam lateralmente é a mais plena demonstração de desconhecimento ou a intensão de inverter as coisas dolosamente. Um acinte. Alguém já presenciou uma situação dessas, uma moto no corredor virar e se chocar com o carro na sua lateral? Só na cabeça dele. Esta “autoridade” em trânsito, nunca andou de moto, e pelo jeito, pelas suas palavras, parece nunca ter guiado um carro.
Se este senhor fosse explicar o problema da violência doméstica, provavelmente ele diria que um considerável e insistente número de mulheres batem com suas caras na mão de seus maridos, namorados, etc. É a mais pura inversão das coisas.
Já dizia um velho ditado sobre o mais fraco acabar assumindo a broca: Rico mata o pobre e o defunto vai preso.
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