quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cacofonia ou cacófato

S'eu falar “amo ela” vão olhar pra mim como se estivesse falando um palavrão. Não pode. Quando duas – ou mais – palavras pronunciadas, acabam soando desagradável, tornando-se pejorativa, essa construção deve ser evitada. Essa junção infeliz de sonoridade sofrível, é chamada de “cacofonia”, ou “cacófato”. Poderíamos também denominar,“ecafonia”,ou dependendo da escorregada, pode-se dizer que a pessoa falou uma “cocofonia”.


Da mesma maneira, “por cada”, “uma mão”, ou “boca dela”, são expressões que deveriam ser deixadas de lado. Mas considerando o adágio: “a beleza está nos olhos de quem vê”, aqui no caso, de quem “ouve”, a cacofonia é até relativa. O certo seria dizer “dê- me”, e não “me dá”, como é o usual. Neste caso o certo – segundo os “donos” da língua – acaba sendo o que pra boa parte da população é esquisito, pedante, parecendo coisa de gente esnobe, e o errado, é o certo, para quem faz uso do idioma no dia-a-dia, sem regras nem formalidades. O exemplo acima não é uma cacofonia, apenas um deslize sobre as regras, utilzei-o para ilustrar a sonoridade, que, dependendo do meio em que a pessoa viva, há uma “inversão estética sonora” – se é que m'entende. “Si pã nóis pum, cê tá?!”

Não sei se é folclore, mas dizem que a apresentadora Luciana Gimenes teria dito algo como: “Mãe, queria agradecer por você ter me tido.” E aí desceram a lenha nela.

E o “ no cume entra”, “no cume sai”, “fé demais”, ou a frase, “fulano chegou a pouco de fora”, ou “tem culpa ele?”...

Sempre ouço comentaristas econômicos falarem em “boom da economia”. E agora que o país está crescendo, saiu da crise, é um tal de “boom da economia” pra cá, “boom da economia pra lá”, é “boom da economia” pra todo lado. Se se flexionasse o substantivo “economia” mudando para “econômico”, não eliminaria a tal cacofonia sem alterar o significado, “boom econômico”? Não seria uma coisa relativamente fácil?

Por que essa bruta cacofonia é utilizada sem culpa e perdoada? É aquela velha história, usar estrangeirismo é chique.

Quanto mais se pensa a respeito, mais exemplos vêm à cabeça. A língua portuguesa parece privilegiada nesse quesito. Além dos percebidos, deve haver mais um monte deles sendo pronunciados por aí.

É uma constatação: o cacófato abunda.

3 comentários:

Ari disse...

Excelente texto, parabéns! Em tempo, em “fulano chegou a pouco de fora”, melhor mudar para “fulano chegou há pouco de fora”. Sucesso.

Unknown disse...

Como cantava o grande forrozeiro Zénilton:"Lá tem culpa todo mundo,Seu Dotô...
Lá só não tem culpa eu."

Unknown disse...

Como cantava o grande forrozeiro Zénilton:"Lá tem culpa todo mundo,Seu Dotô...
Lá só não tem culpa eu."