domingo, 29 de março de 2009

Escândalo é pretexto pro financiamento público de campanha.


Há pouco tempo, escrevi sobre talvez a coisa mais normal da paisagem noticiosa nacional, o escândalo.
Nesta semana, apareceu um daqueles gordos, com envolvimento de grandes empresas, grandes personalidades, partidos políticos, até a FIESP, o sindicato dos patrões do setor industrial paulista entrou na dança. Pra variar, ninguém fez nada de errado, todo mundo é santo, o que já era de se esperar.
Agora que eu entendí o porque da campanha pra economizar água, o que se lava de dinheiro nessa terra, é uma poisa por demais.
Outra coisa é a lavagem cerebral, também muito comum, que leva a pessoa ao quadro mental de inocência de Chapeuzinho vermelho.
Primeiro vamos dar uma olhadinha no montante de repasse de grana, só das empreiteiras pras campanhas políticas da eleição de 2008.

Valores doados

Construtora OAS
R$ 12,3 milhões

Camargo Corrêa
R$ 5,8 milhões

Carioca ChristianiNielsen Engenharia
R$ 3,1 milhões

C.R. Almeida Engenharia de Obras
R$ 2,6 milhões

Egesa Engenharia
R$ 1,7 milhão

Camter Construções e Empreendimentos
R$ 910 mil

Construtora Triunfo
R$ 500 mil

Construtora Andrade Gutierrez
R$ 480 mil

Delta Construções
R$ 300 mil
10º
Top Engenharia
R$ 100 mil

A fonte de dados é o Superior Tribunal Eleitoral (TSE), ou seja, isso é só a grana declarada de apenas um setor da economia.

O Inquérito da PF chamada de Operação Castelo de Areia, é sobre uma suposta organização criminosa que superfaturaria obras públicas, licitações fraudulentas e doações eleitorais ilegais, por parte da empreiteira Camargo Corrêa.

Ué? Mas já não doaram muito, não doaram o suficiente? Fora os zilhões declarados, ainda tem ums por baixo dos panos?

O diretor da empresa preso, será indiciado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e câmbio ilegal.

Depois do escândalo escandalizar, começaram os correligionários de Chapeuzinho vermelho se manifestar pela reforma política, ressussitando a discussão da necessidade de se implementas o financiamento público de campanhas. Dá agonia só de ouvir.

Esses engenheiros da idiotice, da inocência burra galopante, acham que proibindo a doação, todo mundo respeitará. Provavelmente pensam que vivemos num Éden sem serpente, e que se pode dormir de bunda pra cima, que ninguém invade o dos outros...

Primeira coisa, o governo tem dinheiro pra patrocinar campanha de tantos candidatos espalhados pelo país a fora, no primeiro e no segundo turno?

Segunda, tem condições, estrutura e peito pra fiscalizar a utilização dessa, e somente dessa verba, punindo os “por fora”?

Terceira, uma questão que envolve a todos, tantos os que contribuem com os impostos, os que ajudam a patrocinar as campanhas, e a população que teria menos verba investida em programas sociais e infraestrutura pra enfiar no rabo de políticos, não deveriam ser consultados, dar sua opinião?

Essa proposta não passa de um moralismo besta de quem não encherga um palmo á frente. Legalizando a doação já ocorrem ilegalidades, imagine proibindo tudo. Vai ser um tal de um investigar o outro e chantagear em troca de favores.

Pela moral e a ética das legendas, o que se pode esperar como conduta? Juntando com a dos empresários e outros tantos santos que compõe nosso panteão, quem além dos trouxas ainda acha que isso é cabível e implementável?

O judiciário já está inoperante por causa desses “iluminados” que cada vez que aprovam uma lei, a impunidade aumenta e os meliantes agradecem. Agora estão querendo “aprimorar” o sistema eleitoral. Pelamordedeus, melhor deixar como está.

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