Em sua passagem pelo Brasil, o príncipe Charles trouxe uma proposta aparentemente bem intencionada, porém é imprescindível ser observada com mais calma e reserva.
Em matéria publicado no Estadão de sexta, 13 de março, “Charles propõe títulos para salvar a Amazônia”, do jornalista Wilson Tosta, diz que “o príncipe Charles propôs ontem[quinta] que os países desenvolvidos apoiem a conservação de florestas em regiões tropicais emitindo títulos a serem comprados por investidores privados, fundos de pensão e seguradoras para gerar recursos que mantenham a mata em pé.”
Charles condoído com a causa amazônica estaria propondo transformar a região norte do país em títulos adquiríveis por investidores privados dos países ricos.
“'Em essencia, estamos propondo uma maneira de injetar capital privado nas nações com florestas tropicais',disse Charles.”
O príncipencantado, tão cheio de boas intenções continuou sua cantilena: Investidores procurando oportunidades de investimento a longo prazo comprariam títulos “que seriam subscritos por países desenvolvidos. As receitas da venda dos títulos poderiam ser gastas ajudando as nações com florestas tropicais a desenvolver a economia sem destruir matas.”
Então quer dizer que os títulos não seriam emitidos pelas “naçoes com florestas tropicais”, mas por “países desenvolvidos”? Minha pergunta é: que acordo, que condição, o quê se precisaria abrir mão, pra que um país pudesse ter negociado suas áreas por outros países?
Na matéria, Charles teria reconhecido a soberania do Brasil sobre a Amazônia, “mas ressaltou que como em todos os contratos de negócios, o pagamento se daria com base em resultados. 'Quanto mais florestas fossem salvas, mais os países receberiam', explicou. O dinheiro, disse, seria dado, não emprestado, como pagamento aos países com florestas tropicais pelos serviços prestados ao ecossistema.”
Tá bom, entendí, a gente aluga o mato e recebe por isso. Mas e a propriedade da terra?
Os países ricos vão emitir papeis negociando as florestas entre pessoas tão bem intencionadas quanto eles, e, caso continue o desmatamento, eles deixariam o dinheiro investido por isso mesmo? Ou será que vão querer algo em troca? Nesse caso, o que estaria no contrato? Deve existir algo em contrapartida caso haja descumprimento de acordo. Ou será que não, é só pela amizade?
Acho que príncipe pode ter vocação pra sapo, não pra burro. Dorme no barulho dele pra ver o que acontece.
Quem tem vocação pra beladormecida, ao despertar pode estranhar a bunda ardendo. Aí já era.
Melhor a gente aprender a tomar conta do que é nosso.
Muy amigo...
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