Hoje estava me lembrando de como eu via os presentes que ganhava no meu tempo de moleque.
A coisa que deixava mais sacaneado da vida era quando ganhava roupa. Era simplesmente o fim. Não conseguia esconder minha decepção, agradecia por educação. Quando minha mãe ou uma de minhas avós me vinha com aqueles embrulhos “moles”, eu já sabia que ali não tinha nada que prestasse. Bom mesmo eram aquelas caixas quadradas, arredondadas, etc, que só de ver entusiasmava, pois de fato era uma surpresa, não importava o tamanho.
Uma roupa por mais chique que fosse não passava de um presente chato. Nem presente era. Um brinquedo, por mais chinfrim, merecia um “brigado!” mais entusiasmado. Era um presente. Ganhar roupa de presente era como se divertir fazendo lição de escola. Nada a ver. Era porque roupa não tinha utilidade nenhuma, aquilo não prestava pra nada, aliás, roupa eu já tinha.
Minha mãe e minha avó é que ficavam com aquele papo que era o que eu estava precisando. Agora brinquedo é que era legal, servia pra se divertir o dia inteiro, com os amigos ou sozinho mesmo. Se fosse novo então, “vixi!”. - Sou mais um brinquedo velho que uma roupa nova! Mãe e vó não entendem nada de presente, conclui.
Só depois de virar gente grande é que percebi que presente pra criança não é brinquedo – com o perdão do trocadilho. Os adultos têm uma lógica sem sentido para a molecada, assim como o raciocínio da molecada, é inconseqüente para os adultos. Ao final, acaba prevalecendo na gente a sensatez, o juizo, o pensar no dia de amanhã. Uma atitude necessária e tão insossa como ganhar roupa em dia de festa.
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