sábado, 23 de maio de 2009

Consumidores merecem “cadastro positivo” sobre bancos.


A câmara dos deputados aprovou o projeto que divide os consumidores entre aqueles que têm o nome limpo, pagam em dia suas dívidas, e aqueles que estão com nome sujo na praça, por algum motivo não honraram seus compromissos.

Os que têm nome limpo, fariam jus a taxas de juros diferenciadas, menores, por representarem menos risco de inadimplência. Esses comporiam o tal do “cadastro positivo”.

A primeira coisa que se deve ressaltar é que o Brasil é um país de pobres e miseráveis com as taxas de juros mais altas do mundo. Os bancos e financeiras se esmurram de ganhar dinheiro, principalmente em cima da população de mais baixa renda. Pra pessoas dessa faixa de renda, que pagam taxas altíssimas, o financiamento é a única maneira de se conseguir alguma coisa. Essa política de juros praticada pelo setor privado, é também responsável por uma fatia de inadimplência.

Há um tempo atrás, devido á farra das taxas praticadas pelos bancos, o BC estipulou um número menor de taxas a serem cobradas de seus correntistas. Já estão aparecendo denúncias de novas frentes de achaque que alguns bancos começam se utilizar para espoliar seus clientes.

Será que a população não merece um “cadastro positivo” daquelas instituições que pilham menos, roubam menos, achacam menos, metem menos a mão na grana daquela(e) que põe os pés numa agência bancária ou numa financeira?

Aproveitando a deixa de separar clientes entre bons e “maus” pagadores, não será uma boa desculpa pra salgar ainda mais a vida do coitado que pena pra pagar seu suado novo bem? Será que só o bom pagador será beneficiado, ou o “caloteiro” não só não terá o direito de menores taxas, mas pagará taxas ainda maiores das já insanas?

Pra se ter uma ideia do que acontece, as paixões que movem os detentores do dinheiro para financiamento neste país, os bancos de fora, que estão acostumados com remunerações menores, poderiam aqui aumentar seu número de clientes praticando taxas próximas as de mercado externo. Pois o HSBC estava cobrando uma das mais altas taxas de empréstimo.

Lula queria por que queria que o Banco do Brasil, seu subordinado, diminuísse sua taxa de juros, tentando diminuir o custo do dinheiro que no meio da crise inviabilizava a produção e se tornou proibitivo. Se os bancos públicos diminuíssem suas taxas, os privados seriam pressionados a rever as suas, calculava. Técnicos pela imprensa diziam que baixar juros não é uma mera questão de intenção, mas de condição, depende da “conjuntura”.

Lula não entrou na conversa e pediu – mandou – que o BB baixasse suas taxas praticadas. Como o presidente não foi atendido, trocou a direção do banco. Esta semana a imprensa divulgou com ironia que a taxa de juros do Banco do Brasil AUMENTOU.

Quando a crise baixou por aqui, os bancos fecharam o crédito. O BC abaixou o compulsório (parte dos depósitos que fica retido) e chegou apenas uns pingos na ponta. Os banqueiros sentaram em cima do dinheiro e não estavam nem aí pra quem ia quebrar, ter o nome em protesto, demissões, etc. Depois de reuniões e muita conversa, os bancos afirmaram que a situação iria se normalizar, mas na prática, nada. O Banco Central teve que tirar a remuneração do dinheiro estacionado lá pra vê-lo começar a andar. O governo teve que oferecer linha de crédito via BNDES que era pra “queimar”, não importando se seria devolvido, o importante era o dinheiro chegar na ponta e financiar a produção, tentando diminuir os efeitos da crise.

Os bancos no Brasil formam um descarado cartel. Deitam e rolam às custas de seus clientes. Todos os anos esses mega devoradores de encargos e taxas batem recorde sobre recorde de lucro. Junto a isso, oferecem um número exíguo de atendentes e caixas eletrônicos, isso quando os equipamentos não operam pela metade, ou boa parte está inoperante. Se os bons pagadores já são esfolados, imagine os que mal conseguem pagá-los em dia. Deve estar vindo aí má noticias para eles. Coitados de todos nós.

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