sábado, 2 de maio de 2009

Caumo, tau quau atuau.


Papo de boteco.

Aprendi na escola que o “L” deveria ser pronunciado com a língua no céu da boca. Deveria mas ninguém faz. Até onde sei, apenas no sul se fala assim. É mais um sotaque que a pronúncia correta e corrente. Pode ser correta, mas está muito longe de ser corrente. Já foi carimbado de “arcaico” e guardado na prateleira do museu da língua.

Ninguém fala “almoçar” com a língua lá em cima, e sim “aumoçar” – ou “aumuçá”.

O pessoal das terras austrais do país falam de modo até gostoso de ouvir – gosto de nossa diversidade de maneiras de falar – com o “ele”bem destacado do “u”. 'Foi pego pelos “calllcanhares”.'

O “ele” permanece apenas na escrita, na prática, todo mundo fala “pessoau”, “carnavau”, “caumo”. “Alto” e “auto”, diferenciam-se pelo contexto, porque a pronúncia é simplesmente a mesma: “auto”.

A última reforma ortográfica, que chamei de “supressão ortográfica”, foi mais ou menos nesse sentido de descomplicar. Algum acharam que empobreceu a língua. Talvez, mas com a influência do computador, da comunicação a toque-de-caixa, a influência cada vez maior de outros idiomas, seja uma tendência de simplificar, aparar as arestas, transformando-se em algo próximo da linguagem telegráfica.

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