domingo, 1 de fevereiro de 2009

Alexandre Garcia, da Manchete para a Globo.
























Achei no meio de meus recortes antigos – nem sei porque a separei – uma matéria da Veja, de 2 de março de 88, em que o tão crítico e moralista jornalista Alexandre Garcia, na época, comentarista político da TV, rádio e Revista Manchete, além de chefe de jornalismo e diretor regional em Brasília, teria batido de frente com o dono da emissora e estava sendo demitido.

Até outubro de 80, Alexandre Garcia era porta-voz do presidente Figueiredo, e aparecendo seminu para a revista Ele e Ela (foto), além de contar detalhes de sua vida sexual, causou uma reação do Palácio do Planalto que não teria gostado e o demitido.

Logo em seguida foi admitido pela Manchete (do mesmo grupo da revista em que aparecera). Garcia estava sendo uma figura de destaque quando teria se indignado com a cobertura do carnaval da emissora que teria mostrado “travestis pelados”, atraindo a atenção do Ministério das Comunicações.

Para o jornalista, a emissora “ perdeu o senso de ética quando quis que eu intercedesse junto ao governo para que a emissora não fosse punida por ter levado ao ar obscenidades.” Alega que o vice-presidente do grupo havia ido até Brasília para convencê-lo a intervir junto ao governo evitando que a emissora fosse punida, o que o membro da emissora nega. “Acho que a Manchete deve ser punida pelo governo”, sustentou.

Na semana anterior à reportagem, o Dentel havia mandado uma notificação a Manchete e a Bandeirantes pelas cenas exibidas nas madrugadas de carnaval pedindo explicações sendo praticamente certo que as emissoras seriam punidas.

“Não dá pra ser reporter e pedir favores ao governo”dizia irritado. As críticas à emissora teriam se tornado públicas o que levou a um bate-boca ríspido com o dono da empresa teria levado a sua demissão sumaria.

Segue um trecho interessante: “O jornalista recebe outros 150 000 cruzados como funcionário do Banco do Brasil. Ele entrou no banco, por concurso, há 27 anos e seu regime de trabalho é de tempo integral. Teoricamente, ele deveria trabalhar 8 horas por dia no Banco do Brasil, mas se limita a produzir um boletim interno, chamado Video-Bip, que circula pelas agencias do Banco do Brasil. Garcia não deverá ficar muito longe do vídeo: na semana passada ele estudava uma proposta da Rede Globo para ser comentarista político da emissora, apresentar um quadro no Fantástico e ter uma coluna no jornal O Globo(...)”

Do jeito que Alexandre Garcia cobra pureza de pensamentos e ações de todos, principalmente quando se trata da máquina pública, que comentários faria se algum funcionário do BB ou qualquer outro funcionário público deixasse de cumprir sua jornada diária de 8 horas por um 'boletim interno'?

A Manchete logo se pôs a procura de um substituto para alexandre Garcia, tendo entrado em contato com Carlos Monforte, apresentador do Bom dia, Brasil na Globo que achou que foi revanchismo do grupo Bloch.

Cena dos próximos capítulos: teria Alexandre Garcia aceitado trabalhar na Globo?...

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