domingo, 17 de janeiro de 2010

Participação brasileira.

Primeiro foi o brasileiro Sérgio Vieira de Melo, que chefiava uma missão da ONU no Iraque e morreu após a explosão de um caminhão carregado de explosivo. Agora foi o diplomata Luiz Carlos da Costa, que ocupava o cargo de vice-representante do secretário geral da ONU, além de 17 militares brasileiros, por enquanto – para não falar de Zilda Arns que não fazia parte da missão das Nações Unidas, mas uma brasileira que morreu no mesmo episódio.


Daqui para frente o que se pode esperar é um incremento de tropas brasileiras participando de ações pelo mundo, expondo-se cada vez mais, devido à intenção do país de pleitear uma (inexistente)cadeira no Conselho de Segurança da ONU.

O que é melhor, um país sem prestígio, perdido entre tantos, sem comprometimento com os problemas que afligem o mundo, preservando seus jovens, ou a inserção do país nas grandes questões do mundo e consequentemente ver o país ser citado nos noticiários do mundo, pagando o preço de ter seus soldados chegando em esquífes como heróis?

Enquanto for parente de gente que não conhecemos, tudo bem, mas quando se trata de um filho, pai, amigo, primo, vizinho, aí a gente passa a relativizar a necessidade de envolvimento do país com esse tipo de coisa.

Os EUA, que são um estado belicista por excelência, tem esse problema muito mais presente. Rapagões fortes, alegres, cheios de vida e planos, são mandados para o Oriente Médio e não raro seus parentes recebem um caixão em troca. As vezes uma pequena urna apenas com uma correntinha, uma comenda, sua identificação, mais um ou outro pertence que sobrou de lembrança. Do contingente que volta vivo, há os que chegam em casa amparados em muletas, faltando membros e todo tipo de sequelas como os que passarão a vida numa cadeira de rodas. Para um jovem, a frustração, a sensação de perda, de se sentir um inútil pode ser preferível a morte.

Conflito em países muçulmanos, geralmente não há o confronto direto, como numa guerra tradicional. Como os americanos são superiores em armamentos e recursos, o expediente utilizado pela resistência é o terrorismo, ações repentinas em que tudo vai pelos ares.

Os que voltam fisicamente inteiros muitas vezes estão mentalmente perturbados, tornando-se agressivos, transtornados, precisando de auxílio psicológico. O suiçídio de ex-combatentes é um número de baixas que não entra nas estatísticas de guerra, mas é sua consequência direta.

O Brasil tem tudo para entrar nesse rol, ou melhor, já entrou, mas tem tudo para incrementar o número de baixas. O “orgulho” seria nacional - se é que se pode tratar assim – e a dor, familiar, localizado em algum bairro do país. As perdas, como as que ocorreram no Haiti, dentro de um mês, ninguém se lembrará mais, às famílias, restará conviver com a perda por toda a vida.

Num país em que tudo o que se consegue é por luta própria ou ajuda de parentes e amigos, como será para uma família descobrir a “pátria”na bandeira nacional sobre o esquife de um ente?

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