Logo após o fiasco da seleção argentina de futebol em que perdeu por 1x0 para o Uruguai, a página na internet do Jornal Clarín fazia uma enquete se os internautas acreditavam ser de Maradona a culpa da derrota, mais de 70% afirmavam que sim. A página do La Nación,.também trazia uma enquete perguntando se o técnico deveria deixar o cargo e mais de 80% responderam positivamente.
Pelo jeito Maradona pisou no calo mais sensível dos argentinos, a Seleção Argentina. Seu envolvimento com drogas durante anos não terafetou sua imagem e carisma diante dos argentinos. Sua saúde, violência envolvendo jornalistas, sua aproximação a Fidel Castro e seu envolvimento político aparecendo com camiseta “Fora Bush”, eram como coisas puerís que não interferiam no carinho que o público tinha para com ele e até apoiavam. Era um personagem exótico que chegou a ter até programa de televisão.
Mas as coisas mudaram e agora seu envolvimento é com coisa que não se brinca. Dieguito pelo jeito pisou em terreno pantanoso, movediço, que pode vir a engolí-lo. Desmontar a Seleção Argentina, um ícone de orgulho nacional, pode ser algo tão danoso à sua imagem que talvez seja melhor – pra ele e para o país – que caia o mais breve possível.
Os argentinos parecem sugerir a idéia que, enquanto Maradona se envolvia com ilícitos e todo tipo de escândalos, era problema particular dele, não comprometia sua carreira de “melhor jogador do mundo” - na visão deles, claro. Ele sempre seria um deus na terra. O problema é que “Dom Diego”, como foi chamado pela imprensa local, atenta contra um símbolo nacional que é sua Seleção, e aí não pode. E não pode por que não é “a Seleção” que entra em campo, mas é “a Argentina”, ou seja, não significa pouca coisa. Da mesma maneira, a gente não gosta quando a seleção brasileira entra em campo num campeonato mundial com seus grandes medalhões e se perde num futebolzinho de segunda divisão, arrastado, e acaba dando desculpa da derrota por um falta, um penalti que o juiz não deu, etc.
A Seleção Argentina já vinha meio mal das pernas, tanto é que o técnico caiu e entrou Maradona, então não se trata de um problema que apareceu com ele, mas a desclassificação em cima de apresentações medíocres, com jogadores desmotivados ou jogando contra, pelo possível fato dele ter preterido Riquelme, faz com que a bomba estoure em suas mãos.
A Argentina é um país que vive em crise e de vez em quando abre um solzinho. A última vez em as nuvens se abriram foi no governo de Nestor Kirchner, com melhores índices econômicos, emprego, etc. A corrupção e os desmandos foram comendo o país pelas bordas e quando a presidente Cristina Kirchner assumiu foi que as coisas começaram a se degringolar com maior intensidade. Briga com o setor agrário exportador etc, e pra piorar as coisas, veio a crise americana que atingiu a economia do planeta inteiro, encavalou com a crise nacional. A vergonhosa situação em que o país chegou , deve fazer com que chegue ao cúmulo de ter que importar trigo um país que sempre supriu o mundo com trigo. O país que quebrou no começo da década, ameaça mais um calote internacional. Por causa disso tudo, o que sobra de orgulho para o povo é sua seleção de futebol.
Lendo algumas manifestações de leitores nas páginas dos jornais argentinos, percebe-se claramente que os argentinos têm um gosto amargo de perdedores. Sua elite política é uma imundice(pelo menos isso não é só lá?), o país não anda, a corrupção campeia, e ver seu país desclassificado para a copa do mundo de maneira vergonhosa é a cereja que faltava no bolo.
Los hermanos podem servir de balão de ensaio. Se esse estado de terra-arrasada acabar se revertendo em manifestações e ações populares que mudem o estado de coisa, principalmente política, vou começar a torcer para que nossa Seleção comece a perder também. Pelé técnico 2010!
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