sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O símbolo do fim do mundo não é o calendário, é o mico

Essa história de fim de mundo acaba virando um carnaval fora de época. Muita farra, piadas, tiração de sarro, brincadeiras etc. O curioso são as reportagens sobre pessoas que acreditam piamente nessa lorota. Uma deformação sobre uma crendice de uma civilização antiga. Por ser antiga, milenar, alguns acabam achando que é digno de fé.

Estocam comida para meses, pagam fortunas por um abrigo nuclear e outras baboseiras, como se alguém – esses iluminados – sobrevivessem de um cataclismo, um choque da terra com outro enorme corpo celeste. Acreditam que o fim está próximo e que eles vão sobreviver. Não se incomodam em se tornarem figuras patéticas, risíveis.

Essa gente, descolada da realidade, acredita numa suposta afirmação de pajés, sacerdotes, que fundamentavam suas crenças em evidências e escritos mal interpretados, distorcidos, hoje tidos como mera mitologia. Acredita nessas superstições e negligenciam o conhecimento científico de instituições de pesquisa e estudiosos que se baseiam em informações técnicas. Desconfia da informação dos satélites, diagnósticos e cálculos modernos, atuais, para acreditar num “horóscopo” do mundo sem base científica nenhuma.

Um pequeno número de espertos deve ganhar dinheiro, fama e prestígio, escrevendo, pregando que o mundo vai acabar, e os incautos, os coitados, os mente-cega, além de tudo, acabam sendo – além de tudo – explorados.

Se por um lado surpreende ver gente que acredita em qualquer idiotice que apareça, por outro, ajuda entender porque mesmo golpes antigos, argumentos sofríveis, sempre tem alguém dormindo de touca pra dar trela a um vigarista. O mérito do esperto que vende a torre Eiffel está no trouxa que a compra. Já dizia o ditado popular: para cada esperto sempre tem um trouxa.

Como será que essas pessoas se sentirão depois de um tempo, quando a poeira abaixar, a razão voltar, e restar apenas a evidência de não ter sido nada mais do que uma crença idiota, um mico, motivo de risada e piada dos amigos e conhecidos?

A crença dos néscios no fim do mundo criou um clima de brincadeira, de descontração. Na passagem para o ano mil e depois para o ano dois mil, teve gente que morreu. Pagar mico, tudo bem, mas não precisa ser com a vida.



                                                 “Está em qualquer profecia que o mundo se acaba um dia.”

                                                                                                                                          Raul Seixas



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