domingo, 9 de dezembro de 2012

Mensalão, condenação, perseguição...

Sobre o tal do “mensalão”, também conhecido como “Ação penal 470”, e seu principal acusado, Zé Dirceu, o curioso é que sempre que o “Zé” aparece na mídia, é dizendo sempre a mesma coisa: sou inocente, um injustiçado, não há nenhuma prova contra mim, é perseguição etc.

O que me intriga é, por que ele não aparece para dar entrevistas? Por que não bota a boca no trombone? Acredito que mesmo o “PIG”, as grandes corporações de mídia golpistas, tem interesse em publicar entrevista com os principais acusados, agora réus, do mensalão.

Essas corporações, que são de fato um poder, o quarto poder, agem como um partido político – tendencioso até a medula – voltado contra o PT. Não estou para defender o PT e suas pisadas na bola, mas que a imprensa é tendenciosa e antipetista, isso é, sem sombra de dúvida, e não é de hoje.

O Genoino andou procurando se defender pela própria imprensa. Em sua página, tem entrevistas que deu recentemente ao jornal Estadão e ao portal Terra. Não esclarece muita coisa, mas, pelo menos não se esconde.

O Lula, e a própria Dilma, no máximo aparecem fazendo cara feia, mas não dizem nada, não comentam sobre o assunto. A Dilma tem um perfil de probidade que tem procurado afirmar. Demitiu todos os ministros suspeito de improbidade e exonerou uma funcionária próxima, ligada a presidência. Já o Lula, não tem como acreditar que não sabia de nada. Como ele mesmo disse em uma entrevista lá fora, “todo mundo faz”.

Esse papo de: dediquei minha vida a democratização do país... não cola. As pessoas esperam – eu também – alguma coisa mais consistente. Em seu site, “Blog do Zé”, não tem nada que esclareça qualquer coisa, apenas que é inocente, lutou pela democratização do país, há uma pressão da mídia para sua condenação...

E toda aquela grana dos bancos? Muitos afirmavam, inclusive gente do PT, que o “Zé” centralizava tudo. Praticamente tudo o que acontecia nos três primeiros escalões do governo tinha que passar por ele. Houve uma milionária movimentação financeira, desvio de dinheiro, que os advogados de defesa reconheceram, porém, alegaram se tratar de “caixa dois”. Milhões de reais migraram de bancos para contas de partidos e parlamentares e aí ele não sabia de nada? Primeiro alegou não ter conhecimento, depois, no julgamento, a defesa alegou caixa dois. Precisa meio que ter vocação pra chapeuzinho vermelho pra acreditar.

O procurador geral, o tal de Gurgel, pela sua prática, sua maneira de ser e agir, por suas declarações, é um direitão declarado. Isenção ali passa longe. Seu perfil é de um homem de partido, não se coaduna com seu cargo. Por ser a figura maior do Ministério Público, tem uma cadeira no Supremo. Mas – apesar de não ter acompanhado o julgamento – não vejo os ministros do Supremo como uma máfia. Pode haver um ou outro mais conservador. Nada mais que isso.

A condenação de Zé Dirceu, teve um expediente diferente. O tal do “domínio do fato”. Utilizado na Europa desde a década de sessenta, mais ou menos, é baseado no princípio de que o “cabeça” não deixa vestígios, é mais difícil arrumar provas contra ele. Geralmente o “manda-chuva” não assina cheque nem recibo, não aperta o gatilho, não entrega a droga ou a mercadoria, não bota a cara pra fora etc. Portanto, qualquer acusação, pode servir para acusá-lo. Principalmente um cara como o Zé Dirceu, que vem do período militar, em que a resistência ao regime, procurava agir sem deixar pista, não deixar rastro.

Mas a batata pode assar mais ainda. Marcos Valério, acusado de ser quem distribuía a grana, daí o termo “valerioduto”, inconformado ao ser condenado, e como quem foi injustiçado por ter assumido a bucha, andou falando que sabe muita coisa deve querer abrir o bico em troca de redução de pena. Se tiver um mínimo de pertinência, caso sobreviva e abra a boca mesmo, talvez Genoíno e Zé Dirceu possam vir a se sentir mais injustiçados ainda. É esperar pra ver.

Após o mensalão do PT, teremos o mensalão do PSDB. Vamos ver como procederá desde a imprensa, o Sr. Gurgel, e os ministros do Supremo.

Tinha acabado de escrever este texto quando ouvi no rádio que houve um ato em defesa de Zé Dirceu. Ele foi o último a discursar, se disse perseguido, injustiçado e tal, porém não falou com a imprensa. É esse silêncio por parte do acusado que me incomoda. O cara não é um coitado, é um estrategista.

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