Entrando no assunto da usina hidrelétrica de Belo Monte em Altamira no Pará, o primeiro ponto é que nenhum presidente quer repetir o feito de efeagacê, de deixar a vela apagar em sua mão. O país precisa resolver o problema sempre presente de demanda de energia ou o fantasma do apagão estará sempre presente.
O projeto da usina de Belo Monte tem um viés muito interessante, tem a cara do Brasil no aspecto da dissimulação, do vir com o papo de que vai doer só um pouquinho...
O que se diz é que não vai haver uma intervenção ambiental muito grande por que a tecnologia de Belo Monte é a do “fio d'água”, em que os geradores são assentados praticamente na horizontal fazendo com que a correnteza do rio movimente as turbinas, gerando energia elétrica – ao contrário do usual em que as turbinas são dispostas praticamente na vertical, aproveitando a queda d'água.
Os defensores do projeto alegam não haver muita alteração da paisagem, mas haverá a construção de uma barragem e dois canais de derivação (desvio do rio Xingu), ou seja, apesar de tudo pronto para uma grande intervenção na paisagem, pouca coisa mudará – no começo. O rio baixará de nível mas não haverá uma grande área alagada como é o costume.
A usina com potencial para gerar 11.000 megawatts, por causa disso( do não represamento de água no início) gerará metade se seu potencial. Não será alagado uma grande área, mas a geração de energia por outro lado será menor que seu potencial, haverá uma Itaipú adormecida.
Na mesma batida segue o custo do empreendimento, 19 bilhões como anuncia o governo, ou algo em torno de 36 bilhões – incluso 6 bi de isenção fiscal que o governo pôs na roda pro negócio sair do papel de qualquer jeito - como anunciam as empreiteiras.
Daqui uns anos, quando começar a escassear a energia na região, sendo caro erguer outro projeto e, tendo um grande potencial da usina alí parado, qual seria a solução mais fácil, construir uma nova usina ou mandar a natureza e os índios se catarem e botar tudo embaixo d'água?
Aí é que aparecerá o grande impacto do projeto, e nessa hora será muito difícil tentar evitar que “maracanãs” sejam inundados. Os que se opuserem serão tidos como contrários ao progresso da região ou do país.
Todos os governos sentirão o peso do poder, a “espada de Dâmocles” sobre suas cabeças ao serem pressionados de um lado pelo risco de faltar energia, e por outro, com projetos poluidores, porém de baixa intervenção ambiental – como é o caso das termelétricas – ou de baixa poluição, mas com alto impacto em sua implementação – as hidrelétricas.
Isso pra não falar de ambientalistas, comunidades indígenas ou de moradores atingidos, cidades, imprensa, opositores entre outros que martelam a cabeça do governante.
Aos poucos e, alternando os motivos, a Amazônia vai sendo dilapidada.
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