Em dois anos de operação
Lava Jato, a “condução coercitiva” tem sido uma constante, um excesso do ponto
de vista jurídico, porém, apesar das incansáveis denúncias dos advogados dos
réus, nunca foram ouvidos, os excessos tornaram-se a prática corrente. Faz
parte das pessoas que fazem o judiciário ser o que é. Se por um lado, uma elite
pinta e borda e nunca responde por seus atos, por outro, os indiciados são
tratados à revelia da lei, são reféns dos escrúpulos dos julgadores. Ministério
público e ministros do Supremo assinam embaixo o prosseguimento das operações ignorando
a lei e que são defensores da lei – da Constituição.
Assim Lula foi tratado. A
prática fora da lei foi usada para sua prisão arbitrária, só que aí parte da
sociedade se sentiu atingida e o caldo entornou. O excesso ficou evidente e a
população foi pras ruas.
O curioso é ver (ouvir)
comentaristas defender que o ex-presidente foi tratado como todos os outros,
então, que deveria aceitar ser tratado em regime de exceção (à revelia da lei),
e não defender o estado jurídico de direito. Esses comentaristas não poderiam
disfarçar um pouco o quanto são tendenciosos.
Lula faz parte dos que não
estão acima da lei, menos que isso, abaixo da lei, enquanto outros, (a nobreza)
gozam de um status privilegiado. Imagine se alguém do rol de relacionamento de
Lula fosse pego com meia tonelada de cocaína. Será que sumiria assim da mídia,
receberia do judiciário o carimbo de “sem indícios”? A “compra” de
parlamentares por parte do PT foi considerado “o maior crime da república”, a
compra da reeleição, todas as provas e confissões redundaram no mantra judicial
“não há indícios”. O “Tríplex” de Lula é diferente do da Globo, ainda que o “do”
Lula não seja dele, o da emissora, é, com todos os problemas que têm
(sonegação, área ambiental…), não merece atenção nem da imprensa, e nem do
judiciário, o que dá para entender porque aqui sempre foi o país da corrupção e
da impunidade.
Furnas é outra Petrobras,
uma usina geradora de megapropinas, mas, como está em Minas, nas mãos da
inimputável nobreza, não existe no mapa do judiciário, enquanto que Dilma
afastou um ministro por causa de uma tapioca por pressão dos conglomerados de
mídia.
Assim o país segue. As
ruas defendendo a lei dos excessos dos tribunais e seu homens de toga. Dos
juízes e delegados, como num quadro de Dalí, em que tudo é plástico, maleável
distorcível, desproporcional. Falta ao
país uma Comissão da Verdade, nos moldes das que investigaram o período militar,
só que para investigar o judiciário: seus homens, suas práticas, suas éticas
(no plural) e interesses. Quem sabe aí conheceríamos uma história recente do
país que nos escapa?
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