Este ano, “comemora-se” os setenta anos da morte de Lampião e Maria Bonita, e o fim de seu bando. De lá pra cá muita coisa mudou. O país mudou, os bandos mudaram.
Nas décadas de vinte, trinta, bandos de cangaceiros perambulavam pelo nordeste brasileiro árido, pobre. Hoje em dia, bandos ocupam o planalto central que é uma região rica, o centro do poder no país.
No traje dos cangaceiros o que se destacava era o chapeu de couro, nos bandos atuais, destacam-se o paletó, a gravata e o colarinho branco.
Naqueles tempos, eram chamados de bandos, quadrilha, etc., hoje são agremiações, geralmente nominadas por siglas que começam com “P”, outros ajuntamentos também funestos são chamados de “bancadas”.
Os bandoleiros saqueavam munidos de armas, fuzis ou mosquetões, peixeiras, etc., hoje o saque é com cartão corporativo, vale paletó, vale combustível, vale limusine, vale cueca, vale qualquer merda, só a população é que não vale bosta nenhuma.
Se antigamente o mal era localizado a uma fazenda, um vilarejo, uma cidade, hoje os bandos causam males em nivel nacional.
Os bandos “modernos”, se organizam na esfera federal, estadual e municipal.
O que não mudou é que naquela época o poder do Estado era restrito a uma classe, uma elite, que se utilizava desse poder pra interesse próprio e espezinhar a população, e o cangaço foi uma cria desse estado de coisas, dessa anomalia social em que a população além de sofrer com a miséria, tinha nos bandos, mais uma fonte de medo e preocupação. Os bandos de hoje, loteiam o Estado entre sí, banqueteiam-se com o erário, deitam e rolam com o dinheiro que deveria ser empregado em escolas, creches, hospitais, transportes, etc., criando uma situação social explosiva em que a população acaba refém de bandidos de um lado armados com armas de fogo e de outro, armados de canetas e mandatos.
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