domingo, 25 de julho de 2010

Rambo falou o que a gente não quer ouvir.

“Gravar no Brasil foi bom, pois pudemos matar pessoas,


explodir tudo e eles diziam obrigado. Diziam ´obrigado,


obrigado e leve um macaco`. Pudemos explodir vários


prédios e todos ficaram felizes e ainda trouxeram


cachorros-quentes para aproveitar o fogo”.
Silvester Stallone



Muita gente ficou mordida, ofendida, com o que Stalone falou sobre o Brasil. Mas será que ele falou por pura presunção, ou será que foi o que sentiu do tempo em que conviveu com os nativos?

Qualquer gringo que anda por aqui tem a impressão de que a língua portuguesa é nossa segunda língua, a primeira, parece ser... o inglês. É shopping, fast food, feed back, hot dog, e vai por aí a fora. Qualquer john, que não passa de um pé-de-chinelo, aqui vira rei. Qualquer cantorzinho de quinta, qualquer músico de banheiro que venha dos states aqui vira uma sumidade, não pela qualidade negligenciada em sua terra, mas por nossa tietagem servil.

Tudo que é americano tem uma grande aceitação, não estou falando de coisas que mereçam elogios, mas das que merecem a lata de lixo, como os produtos da indústria cultural americana principalmente: filmes, seriados, modo de vida, alguns valores... Mas a gente não pensa nem seleciona, s'empanturra com tudo que vem de lá. A começar por nossa tão esclarecida e cordial elite que adora servir de capacho para qualquer estrangeiro do primeiro mundo.

Os americanos sempre olharam para o lado de baixo do continente como sendo o fundo do seu quintal. Frank Sinatra recusou por um bom tempo vir ao Brasil alegando ter medo de levar uma flexada. Não é a mesma sutileza de Rambo? Ninguém cobrou isso dele quando resolveu aparecer por aqui. Estranhou que no Brasil ao invés de índio, tinha asfalto, fumaça, cidade, e tanta hospitalidade. Acabou voltando um pouco antes de bater as botas.

Será que, do que Rambo falou, alguma coisa não foi o que sentiu, ou melhor, alguma coisa dita está fora de nosso comportamento? Será que somente ele sentiu isso, ou só ele a externou?

Talvez ele tenha exagerado no argumento, e nós, não exageramos na tietagem?

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