sábado, 17 de janeiro de 2015

Liberdade de expressão dos cínicos.



Num dia a França se indigna contra radicais islâmicos que não entendem a “liberdade de expressão”o que os levou a cometer atos terroristas contra um periódico que satirizava tudo, inclusive a religião muçulmana.

Uma enorme passeata em que líderes mundiais assassinos, torturadores, perseguidores de opositores e sensores foram mostrar sua cara de pau e cinismo pelas ruas de Paris reivindicando liberdade com cobertura de uma imprensa mundial igualmente cínica. A tal “liberdade de expressão” tão falada nestes dias é mero proselitismo da mídia, que puxa a sardinha pra sua brasa, quer poder falar o que bem entende sem cerceamento.

Noutro dia, um comediante acabou detido por fazer ironia em relação aos judeus. E aí a surpresa: cadê a liberdade de expressão??? 

O ministro do interior da França teria defendido a detenção do humorista dizendo que seu comentário demonstrava “irresponsabilidade, desrespeito e uma propensão a alimentar o ódio e a divisão, e isso é insuportável”. (Folha, Mundo 16, jan.)

Ué, não era exatamente isso o que a comunidade muçulmana critica em relação às ironias do tabloide parisiense? 

Caiu a máscara. O que não se esperava é que fosse tão cedo.

A presidente e o condenado.

O pedido de clemência da presidente em relação ao brasileiro condenado à morte na Indonésia não cabe juízo de valor, se ela concorda ou não com o crime, ou se o crime é grave ou não. A mediação é função de todo presidente, que deve interpelar pela vida de seu cidadão. Não é questão de acusar a chefe de Estado de defender criminoso, mas de intervir por ser um brasileiro independente da natureza da condenação.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015



Marta Suplicy ganhou farto espaço na mídia depois de uma entrevista que não mereceria mais que uma nota. O depoimento foi catapultado a páginas de jornal, grandes reportagens (em espaço) e análises.


Divergências e criticas entre membros de uma agremiação é a coisa mais normal do mundo. O que a mídia quer é explorar o fato. A intenção do leva e trás é fermentar a cizânia, dividir o governo, seu partido e a militância.


Se Marta diverge do partido ou quer abandonar a legenda e suas criticas são uma estratégia para não perder o seu mandato de senadora (de acordo com a legislação eleitoral a troca de partido é permitida em caso de divergência), isso não vale 10% do espaço que está sendo dado.


Esse é um não assunto, que não merece muita atenção. Quem está valorizando o fato não são as partes, é a imprensa interessada na rivalidade e no rompimento – quanto mais traumático, melhor.


Tem coisa mais importante que merece interromper minha ociosidade.

"Mercozy", o retorno.

A marcha no centro de Paris, França, em que mais de 40 representantes de diversos países além da população foram prestar solidariedade às vítimas e manifestar contra o ato terrorista a um ‘hebdomadário’, um semanário francês, serviu para que reaparecessem juntos a dupla conservadora Angela Merkel, chanceler alemã e o ex-presidente francês, Nicolas Sarcozy, que ficaram conhecidos como “Mercozy”, devido ao fato de os dois além de sempre estarem juntos, também acabaram ditando o rumo da política europeia contra a crise econômica iniciada em 2008.

A crise estourou nos EUA, e o presidente Obama, que assumiu seu primeiro mandato, no início de 2009, optou por uma política de investimento do Estado, que compraria títulos públicos em grande quantidade derramando uma enorme quantidade de dinheiro na economia – conhecido como ‘quantitative easing’ – barateando o crédito e desvalorizando o dólar, tentando resolver a crise estimulando a economia.

A Europa, subordinada à dupla “Mercozy”, escolheu outro caminho. Um forte corte de despesas e investimentos pelos Estados jogou a economia já combalida no chão. O que a crise não devastou as medidas restritivas o fizeram. O desemprego disparou junto com os protestos. Os cortes causaram retração do PIB, restringindo a arrecadação para pagar o rombo da crise. O velho continente quase se desmanchou.

Hoje a economia dos EUA – ainda em convalescença – cresce consistentemente, enquanto a zona do euro patina. O presidente francês encerrou o mandato acusado de corrupção, enquanto que a gerentona alemã reina até hoje.

Em dezembro, o Banco Central Europeu anunciou seu “quantitative easing”, vai despejar 1 trilhão de euros na economia. Enquanto Paris marcha, a economia europeia titubeia.