Em 1ano, trigo, milho, soja,café e açucar
aumentaram em mais de 50%.
Alimentos negociados em mercados internacionais - as commodities - têm subido de preço fortemente. Sarcozy, presidente da França e do G-20, apresentou uma proposta de controle de preços ou estoques internacionais reguladores.
O Brasil, que tem como principal ganho de exportação esse tipo de produtos agrícolas, chiou.
Brasil e França pensam mais em negócios que suas consequências. Os países ricos querem pagar menos pelos alimentos que subiram muito em pouco tempo, subiram bem mais que o consumo evidenciando que virou produto de especulação, ganho fácil nas jogatinas das bolsas do mercado futuro. E a jogatina está no primeiro mundo, levando os exportadores do terceiro e do quarto mundo - países em desenvolvimento- junto, para alegria destes.
O Brasil se beneficia do repique de preços, os agricultores fazem festa, mas por outro lado a inflação aumenta, o Banco Central entende como aumento de consumo aumentando os juros que atrai dólares, que valorizam a moeda local, que desindustrializa o país e pior, afasta os mais pobres dos alimentos. Os agricultores mantém a balança comercial positiva, mas às custas de desindustrialização, inflação, valorização cambial, aumento de juros e por aí a fora.
Os expeculadores não brincam mais só com papéis, brincam com alimentos também, ignorando as consequências de suas atitudes. Atingem exatamente setores e regiões do planeta excluídos da necessidade mais básica que é se alimentar sem ter que gastar todo seu salário para matar a fome.
Atender a proposta de Sarcozy pode ficar com jeito de defender os poderosos, mas os preços altos dos alimentos não defende interesses dos desvalidos, mas dos grandes produtores latifundiários brasileiros e do mundo, até porque não se trata de valorização pela lei da oferta e da procura, como aconteceu em 2008, quando os alimentos subiram pelo excesso de demanda, quando populações miseráveis conseguiam emprego , tinham renda, e passaram a consumir mais alimento, daí sua valorização. Agora não. A cotação se descolou do consumo e se mancomunou à ganância de meia dúzia de espertos. Essa valorização transforma-se em inflação que como um tsunami atinge a todos os países, principalmente setores mais pobres, como já disse.
Os miseráveis voltaram pra sombra, e especuladores tornam ainda mais difícil seu acesso a alimentação, mas o que importa é o lucro. De certa maneira, os disturbios nos países árabes são as consequências dessa inflação gerada nos cassinos que as bolsas viraram, essa inflação, quando atinge um país com desemprego persistente, misturado com casos de corrupção, tem se tornado material explosivo, haja vista que o desemprego também é consequência da crise gerada pela especulação, só que da crise passada.
Alimentação está se tornando coisa muito séria pra se deixar assim ao deus dará, e os comandantes do planeta parecem estar descobrindo isso. Uma pequena parte da sociedade pode encher as burras de dinheiro em cima da jogatina, mas o problema é maior que o saldo da balança comercial, é correr o risco de perder um país, ou uma região estratégica aliada para radicais hostís. Pode sair muito caro esse liberalismo de cassino.
Confesso ser um tanto cético quanto a mudanças de governo nos países árabes. Caem em nome da democracia, mas duvido que assumam pessoas, partidos e clãs menos impositivos.
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