quarta-feira, 7 de maio de 2008

(In)justiça Brasileira

Sobre o caso da missionária Dorothy Stang, de uma coisa ninguém pode reclamar: que a justiça brasileira discrimine prendendo mandatário abastado só porque matou um gringo. Mandante é mandante e ponto final. Pode mandar matar sem terra, sem cueca, seringueiro, sindicalista, pode ser aqui de dentro, pode ser gente de fora, que não pega nada A merda é ser peão. A justiça brasileira, como é público e notório, é censitária, não atinge os de cima. “Nosso” preceito jurídito prático diz que cabe à parte fraca o ônus da prova! Ao riche todas as liminares, todos os recursos, aos pobres, uma pá de porrada e cadeia.
As operações da Polícia Federal sofrem do mesmo mal. A televisão anuncia uma mega operação da PF em uns dez estados e mostra um monte de gente algemada entrando no chiqueirinho das viaturas. O delegado chefe da operação diz que “o bando” vinha sendo observado a mais de ano, que seus telefones estavam grampeados e que tem provas suficientes para os indiciamentos. Por fim arrola os crimes por eles cometidos.A reportagem informa que há autoridades, empresários e o escambau entre os detidos.
A impressão que dá é que agora vai! Se pegaram os caras com a mão na butija, se seus telefones estão grampeados e a polícia diz que estão sendo monitorados há um tempão, então parece que não têm pra onde escapar, é fim de linha pra eles, a casa caiu! Que nada. Num dá um mês tá todo mundo sossegado na rua. De cinqüenta presos, sobrou o porteiro, a tia que servia café, o boy que levava recado e mais um ou outro infeliz – quem mandou ser pobre?!...tem que se fodê! A nata, as “otoridades”os donos do cascalho, aqueles que levaram o grosso do negócio estão todos soltos. É uma beleza.
É tanta lei, tanto código disso e daquilo, tanta toga, tanta pose de gente séria e uma justiça que não vale uma merda. É terceiro mundo mesmo. E a merda é histórica, sempre beneficiou o rico e fodeu com o pobre. Falam soberbamente em jurisprudência, tradição, direito, como se fossem tão profundos mas mostram-se tão longe do que seria justiça. Tantos termos de altíssimo calão ameaçando esgarçar o vernáculo pra uma sentença que sujere a política rasteira, classista e suja. Mostram tantos pontos a serem considerados pra que se faça justiça que a justiça acaba se perdendo em cada inocência besta como a de não incriminar o óbvio que no caso é o mandante do crime, simplesmente o principal ou o alcance mesquinho de imputar toda a pena num pistoleiro que de tão pobre pensa com a cabeça do patrão, não tendo noção política dos seus atos.
A (in)justiça de Belém do Pará contamina o país todo com seu provincianismo. Decisão da justiça não se discute, lamenta-se!

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