Foram anunciados o aumento da energia elétrica (federal) e de tarifas de transporte: trem, metrô (estadual - SP) e ônibus (municipal - SP) e deve ocorrer país afora.
Começo do ano é o período de aumento de preços controlados pelo governo, então, é o período de repique inflacionário.
O problema é que o Banco Central geralmente acaba aumentando a taxa básica de juros para conter a inflação, uma inflação que não é causada por aumento de demanda, e a função do aumento de juros é encarecer o dinheiro, o crédito, diminuindo o consumo. O aumento da tarifa do ônibus e da energia elétrica não são porque tem muita gente andando de ônibus ou gastando muita energia elétrica, mas reposição da inflação, de seu custo - no caso da energia, é uma “commodity”, seu valor oscila na bolsa. O aumento de juros é inócuo para esse tipo de inflação, porém, perverso para a dívida pública, boa parte atrelada aos índices de aumento de preços. A dívida pública brasileira, a mais cara do mundo, fica mais cara ainda pelo aumento dos juros, e se os governos federal, estaduais e municipais não economizarem (superávit primário) o suficiente para pelo menos rolar esse disparate financeiro, a coisa complica mais ainda. É atrelar nacos cada vez maiores do orçamento público para os bancos.
Segundo o entendimento da nova equipe econômica a queda do juros depende de um superávit primário que indique ao mercado responsabilidade fiscal - controle entre receita e despesa - por parte do governo, ou seja, praticamente um ou dois semestres de juros altos, um grande impacto na dívida pública sem motivo.
Enquanto rolarem por aí centenas de bilhões de reais em títulos públicos boa parte da enorme carga tributária será para remunerá-los, e quanto maior a taxa de juros, maior o repasse de impostos para esses rentistas (portadores desses papeis) e menos verbas para investimentos. É isso que falta a sociedade discutir.
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