Pô,
um burro, um asno, teria ficado desempregado e ido parar na frente de uma
escola estadual em São Paulo. Enquanto a molecada, os adolescentes fogem da
escola, o burro, ao se ver desempregado, desamparado, foi buscar abrigo numa escola.
Santa inteligência, Batman!
A matéria foi
publicado no Terra, em 19 de abril, ‘Asno
abandonado é visto em porta de escola na zonal sul de SP’. A matéria não
divulgou se a secretaria da escola o atendeu, se conseguiu sua matrícula. Em
todos os casos, vale pelo simbolismo do ato, a visão de futuro do cidadão
asinino, que contrasta com a visão obtusa e opinião média da população.
Boa
parte dos cidadãos, tem uma grande resistência em ler, conhecer, buscar o
saber. Têm a ignorância como estilo de vida, ou até mesmo militante, e muitas
vezes é familiar. Os pais, assim como seus filhos – a maturidade é inócua
– vivem na mais plena ignorância, chafurdando-se
em programas de auditório, futebol, novela, e toda bagulhada que a televisão
como recicladora de lixo bota na tela.
Os
filhos se espelham em seus pais. Os pais, se espelham no que há de mais pobre e
medíocre produzido pelos intestinos dos meios de comunicação e a vida cultural
assim segue.
Talvez a falta de visão do ex-empregador do
burro não tenha percebido ou
compreendido seu raciocínio, a busca por formação, informação, atualização etc,
e por isso deve tê-lo dispensado. Não podemos exigir que todos tenham o
alcance, a compreensão e discernimento igual ao burro, seria exigir demais.
Aliás,
se formos considerar as condições em que as escolas se encontram, pichadas,
depredadas, cheias de grades e trancas, porque as instituições de ensino
precisam se proteger de membros de sua própria comunidade que, ao contrário do
burro, são selvagens, irracionais e perigosos, veríamos que inteligência é uma
coisa escassa.