sábado, 26 de setembro de 2009

Piada de Português

Depois que ví num blog português o comentário de quem estava ofendido pela imagem que fazemos deles aqui por ter visto num programa de televisão brasileiro uma piada de português, passei a achar uma certa falta de respeito e consideração fazer esse tipo de pilhéria e ainda mandar pra lá. Achei uma situação meio constrangedora.


Um luso não é mal tratado aqui, nem sofre preconceito. Mas mandar esse tipo de imagem pra lá, é um pouco acintoso, pode parecer que são destratados ou motivo de chacota por aqui. A gente faz piada mas não falta com respeito com português.

O que acontece é a tiração de sarro, que nada nem ninguém é perdoado. Mas isso, acho que com o tempo os de fora vão se acostumando. Quem está aqui no país vai entrando no clima e conforme o tempo passa, pega 'jogo-de-cintura' e acaba não só achando graça, como tirando seu sarro dos outros também.

Quem está de fora, ver a gente tratando-os como burros e idiotas, que é como são os portugas das piadas, num programa de tv, de fato não pega bem. Acho que as emissoras deveriam dosar melhor o que manda pelo mundo.

Os portugueses até que simpatizam com a gente, musicalmente, culturalmente, etc. Essas pequenas coisas podem influir na maneira como nos tratam em seu país. Seríamos nós que estaríamos dando motivo para isso.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A irresponsabilidade inconsequente.

Se tem uma coisa que me deixa mordido, louco de raiva, é ver uma gestante fumando. Tem mulher que anda na rua com aquele barrigão e cigarro na boca como se não estivesse nada errado, e eu fico pensando: como pode uma pessoa ser tão irresponsável assim?


Se a irresponsável e inconsequente quer morrer podre, seca e cancerosa num leito de hospital, dane-se, problema dela. Mas será que não dá pra ter um mínimo de consciência que aquela criança – que é seu filho(a) – pode nascer com problemas respiratórios ou com uma constituição física/orgânica prejudicada, podendo vir a desenvolver anomalias (cânceres) já na fase adulta, não chegando nem envelhecer?

Comparo a gestação de uma tabagista ao prédio Palace II, do famoso deputado Sérgio Naia – que o inferno o tenha! O empreendimento foi feito com material impróprio, cheio de impurezas, compromentendo sua estrutura, fazendo com que o prédio ainda novo, tenha ruido matando alguns moradores. Uma mulher que fuma na gravidez, é idêntico. O “material de construção” que a criança recebe da mãe, vem podre, sujo com zilhões de substâncias tóxicas, cancerígenas. Não só a coitada da criança – como disse acima – corre o risco de passar boa parte de sua infância em hospitais, clínicas etc, tratando de problemas respiratórios, fazendo inalação, tomando injeção, sofrendo vários tipos de privações, como por causa de sua constituição orgânica “suja”, pode ser condenada a passar toda sua vida em hospitais, vindo a desenvolver outras doenças, tanto pelo fato de todo esse tempo estar se intoxicando com medicamentos, como pela sua constituição debilitada, frágil, podendo ainda vir a desenvolver tumores na fase adulta. A mãe irresponsável corre o risco de enterrar seu filho, e quem sabe terceirizar a culpa: “Deus sabe o que faz.” “Deus escreve certo por linhas tortas”, etc.

Do meu ponto de vista, uma gestante fumante deveria ser tratada como incapaz, uma pessoa que não responde pelos seus atos. Uma vez denunciada ou flagrada, deveria ser internada numa clínica durante o período da gravidez, ficando sob observação pra que não venha a comprometer a vida de quem não tem capacidade de se defender.

Em nossa sociedade, a maior parte da violência ainda acontece dentro de casa, vindo daqueles que se espera proteção, e as maiores vítimas ainda são as crianças.

Violência I

Ainda falando sobre criança e violência, é curioso notar que o ser humano, um ser dotado de razão – ao menos em tese extensivo a todos – sofrendo algum tipo de violência em sua infância, por mais que lhe tenha sido traumática, parece mais tentado em repassar essa violência do que em refreá-la.


Uma criança que sofreu espancamento, que presenciou o horror de ver sua mãe sendo espancada, quando adulto, aquilo tende mais a se tornar um exemplo - tradicionalmente seguido – do que algo e ser extirpado de sua conduta. O homem (o macho) em seu lado mais vil, mais animal e perverso não mede esforços em impor a mais cruel demonstração de força e maldade contra seus próprios familiares – mulher e filhos. Domina e se impõe na base do terror e da superioridade física. E o menino quando adulto esquecendo a violência vivida, ou na condição de “desforra”, ou ainda, resolvendo o problema como todo “homem” tem que agir, fará como seu pai sempre fez.

Ainda bem que hoje, depois de muita luta, muita denúncia contra o agressor e contra o Estado cúmplice pela omissão, as coisas têm mudado. A violência doméstica está longe do fim, mas de uma ou duas décadas pra cá, a sociedade tem mudado positivamente. Políticas públicas como a criação da Delegacia da Mulher, leis, matérias jornalísticas, têm feito com que as mulheres denunciem e não se sujeitem a esse tipo de tratamento por seus parceiros. A mulher parece ter uma participação muito importante exatamente aí: quanto mais aguenta calada, mais está condenada a viver um inferno dentro de casa, e quanto mais reage, mesmo que passe a vergonha de ter sua situação exposta pela vizinhança com polícia na porta de sua casa, etc, o fato de procurar a lei, registrar o boletim de ocorrência e principalmente romper o relacionamento, inibe esse tipo de expediente do homem.

A “humanização do conflito”, a convivência e a separação sem violência física, parece tênue mas uma mudança que deve ir aumentando seu terreno dentro da sociedade. Se antigamente praticamente em todas as famílias o espancamento era comum, hoje, pelo menos em alguns setores, principalmente onde as mulheres são mais independentes e esclarecidas, se sujeitam menos a esse tipo de parceiro, com exceçoes, claro.

Se a sociedade está mudando neste quesito, é por que houve uma mudança tanto da mulher, que cada vez mais deixa de ser mera dona-de-casa, como do homem que em caso de cometer um excesso perante um membro de sua família, sofre um peso na consciência cada vez maior, sendo contido pelo remorso e o arrependimento. As campanhas públicas, as discussões nos meios de comunicação, ajudam a criar um tabu sobre aquele que age de maneira agressiva, cada vez mais uma agressão é um escândalo, e isso é positivo.

Violência II

Eu escrevendo sobre violência, abri o jornal “O Estadão” desta segunda, dia 21, e seu caderno Metrópole, vem com a manchete: “87% das garotas vivenciam agressões no namoro; e elas ferem tanto quanto eles.”


A matéria, que trata sobre a violência entre os casais de jovens, afirma que “as meninas não ocupam só papel de vítimas, mas também de autoras dos maus tratos.” A reportagem é baseada numa pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entre pessoas de 15 a 19 anos de todo o país. A autora do estudo, “Kathie Njaine, que tabulou 3.205 questionários, recolhidos nas cinco regiões do país”, afirma: “Atestamos, porém, que as garotas estão agredindo quase na mesma proporção do que os meninos.”

Seguindo, a pesquisadora relata que “beliscões, empurrões, tapas, xingamentos, ofensas, humilhações pela internet, foram formas de agressão citadas pelos entrevistados.” E “não ter atestado diferenças regionais nos números. No geral, a prevalência de agressão é alta e surpreendente.”

Na mudança social em que vivemos, parece que as mulheres, estão querendo se equiparar aos homens (até nisso). Se a gente fizer um exercício de memória, vamos ver que o “sexo frágil”vem cada vez mais de fato se tornando violento. O último caso que se tornou público foi o da mãe que numa atitude deplorável incentivou sua filha a brigar nas imediações da escola. Essa mulher insana e irresponsável deveria estar presa!(inclusive seu marido que estava “no carro”, dando cobertura) Isso é bicho, não é gente.

Cada vez mais aparecem relatos de casos pela imprensa, de mulheres que agridem idosos e crianças, que sem muito exercício de reflexão, sem precisar ser psicólogo, se pode calcular em que tipo de lar viveram quando crianças. No mínimo foram crianças que sofreram agressões e humilhações por parte de seus pais ou de quem tinha sua guarda, e hoje têm atitudes que chegam próximo ao irracional. Os adolescentes mostram isso claramente ao agredirem-se mutuamente.

Talvez a cura dessa chaga social que atinge tanto homens como mulheres, seja preservar as crianças. A criança espancada e humilhada de hoje será a agressora de amanhã, independente de sexo ou estatus social. Por isso é positivo que a sociedade se torne cada vez mais intolerante quanto à violência, principalmente a doméstica.

sábado, 12 de setembro de 2009

A imprensa a serviço da contravenção.



Hoje, sábado, 12 de setembro, a Folha de São Paulo trás em sua manchete de capa: “PF prepara ação contra empreiteiras”. Segue o texto: “A Polícia Federal prepara ação de busca e apreensão em algumas das maiores empreiteiras do país. A operação inclui as casas de executivos das empresas, acusadas de fraude em licitações, tráfico de influência, formação de quadrilha e corrupção ativa e passiva na execução de obras em aeroportos de todo o país. A justiça autorizou a ação no último dia 2, mas negou pedido de prisão de suspeitos.”


Depois de sair publicado na primeira página de um dos maiores veículos da informação nacional dizendo o quê, quem, como, e onde a PF vai, dá pra acreditar que alguém vai achar alguma coisa?


Se de fato algum empresário ou funcionário de alguma empreiteira que por acaso – ou burrice – estivesse guardando algum “gato” em casa ou em computadores na empresa, depois de ver estampado no jornal, alguém iria ficar de toca deixando a prova do crime dando sopa?


Portanto, se a PF “preparava” alguma ação, pode abortar por que essa já era.


Isso me faz lembrar do noticiário de uma rádio aqui de São Paulo, há uns anos atrás, em que – devido ao grande número de assaltos e roubos praticados por motos – a Polícia Militar preparava grandes blitzes pela cidade, procurando apreender motos roubadas, irregulares, armas, drogas, etc, e a reportagem informava quando e onde iam ser essas operações. “Na zona sul, em tal dia, na zona leste, em tal dia...” Ora, com certeza a “rádio mano”correu solta. Quem “estava devendo”e ficou sabendo, não passou por lá.


Há momentos em que a imprensa acaba prestando um desserviço, jogando contra, ou prestando serviço a quem não deveria. Se questionado um desses jornalistas, ou o próprio veículo, provavelmente eles dirão que a partir do momento em que a notícia vazou, eles divulgam, lavando as mãos para as consequências de seus atos independente de acabar privilegiando, dando de bandeja, informações preciosas à larápios.


Depois esses mesmos meios de comunicação virão à público reclamar da criminalidade, da falta de segurança etc.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Boxe feminino: nova modalidade olímpica.


A revista PIAUÍ, nº36, trás como sua primeira reportagem, a informação de que o Comitê Olímpico Internacional(COI) aprovou em votação secreta a inclusão do boxe feminino para a próxima olimpíada, em 2012.

Outra informação – que eu não sabia – é que o boxe amador é diferente do profissional, aquele do Mike Tyson. Além da diferença de regras, o profissional é mais agressivo, seu tento maior é nocautear o adversário, já no amador, prioriza-se os pontos, tem capacete, protetor genital...


Nunca considerei o boxe um esporte. As lutas que aparecem na televisão, além dos lutadores serem mais parrudos, são exatamente essas mais agressivas, em que a maior glória é socar a lata do oponente até tirá-lo do ar, e isso pra mim não é, ou não deve fazer parte do objetivo de uma disputa esportiva.


NÃO DEFENDO SUA PROIBIÇÃO. Quem acha que sua vida é levar soco na cara até ficar desfigurado e inconsciente, que vá fundo, mas não venha dizer que isso é esporte. Todo esporte tem seu risco inerente, desde a Formula 1 até o ping-pong(tênis de mesa), todo mundo pode se machucar e até perder a vida, mas não é seu escopo machucar ou ferir o outro, no boxe profissional, e no full contact – qu'eu já ia esquecendo e é outra estupidez -, é.


Acho positivo o COI liberar a luta de boxe olímpica feminina, que é mais regrada e menos agressiva. Se existem mulheres querendo exercer esse tipo de disputa, que se libere, ademais, qualquer cargo, função, posição ou atividade tradicionalmente masculina, mesmo sendo esquisita, de gosto discutível, se ocupada por uma mulher, soa como uma liberdade, uma transformação social, ou como “derrubada de preconceito”. Mas se aparecerem mulheres dispostas a se enfrentarem no esquema do profissional, deixa rolar. É o que dá maior retorno financeiro e fama, acompanhado de maiores riscos de traumas e sequelas. Desde que não haja imposição, coerção, cada um é dono do seu nariz, ponha-o aonde bem enter, faça o que bem entender com ele e arque com as consequências.


Meus esportes favoritos são, roncar e babar no travesseiro, não machuca ninguem. Tô indo treinar.

A Argentina de Maradona.


Logo após o fiasco da seleção argentina de futebol em que perdeu por 1x0 para o Uruguai, a página na internet do Jornal Clarín fazia uma enquete se os internautas acreditavam ser de Maradona a culpa da derrota, mais de 70% afirmavam que sim. A página do La Nación,.também trazia uma enquete perguntando se o técnico deveria deixar o cargo e mais de 80% responderam positivamente.

Pelo jeito Maradona pisou no calo mais sensível dos argentinos, a Seleção Argentina. Seu envolvimento com drogas durante anos não terafetou sua imagem e carisma diante dos argentinos. Sua saúde, violência envolvendo jornalistas, sua aproximação a Fidel Castro e seu envolvimento político aparecendo com camiseta “Fora Bush”, eram como coisas puerís que não interferiam no carinho que o público tinha para com ele e até apoiavam. Era um personagem exótico que chegou a ter até programa de televisão.


Mas as coisas mudaram e agora seu envolvimento é com coisa que não se brinca. Dieguito pelo jeito pisou em terreno pantanoso, movediço, que pode vir a engolí-lo. Desmontar a Seleção Argentina, um ícone de orgulho nacional, pode ser algo tão danoso à sua imagem que talvez seja melhor – pra ele e para o país – que caia o mais breve possível.


Os argentinos parecem sugerir a idéia que, enquanto Maradona se envolvia com ilícitos e todo tipo de escândalos, era problema particular dele, não comprometia sua carreira de “melhor jogador do mundo” - na visão deles, claro. Ele sempre seria um deus na terra. O problema é que “Dom Diego”, como foi chamado pela imprensa local, atenta contra um símbolo nacional que é sua Seleção, e aí não pode. E não pode por que não é “a Seleção” que entra em campo, mas é “a Argentina”, ou seja, não significa pouca coisa. Da mesma maneira, a gente não gosta quando a seleção brasileira entra em campo num campeonato mundial com seus grandes medalhões e se perde num futebolzinho de segunda divisão, arrastado, e acaba dando desculpa da derrota por um falta, um penalti que o juiz não deu, etc.


A Seleção Argentina já vinha meio mal das pernas, tanto é que o técnico caiu e entrou Maradona, então não se trata de um problema que apareceu com ele, mas a desclassificação em cima de apresentações medíocres, com jogadores desmotivados ou jogando contra, pelo possível fato dele ter preterido Riquelme, faz com que a bomba estoure em suas mãos.


A Argentina é um país que vive em crise e de vez em quando abre um solzinho. A última vez em as nuvens se abriram foi no governo de Nestor Kirchner, com melhores índices econômicos, emprego, etc. A corrupção e os desmandos foram comendo o país pelas bordas e quando a presidente Cristina Kirchner assumiu foi que as coisas começaram a se degringolar com maior intensidade. Briga com o setor agrário exportador etc, e pra piorar as coisas, veio a crise americana que atingiu a economia do planeta inteiro, encavalou com a crise nacional. A vergonhosa situação em que o país chegou , deve fazer com que chegue ao cúmulo de ter que importar trigo um país que sempre supriu o mundo com trigo. O país que quebrou no começo da década, ameaça mais um calote internacional. Por causa disso tudo, o que sobra de orgulho para o povo é sua seleção de futebol.


Lendo algumas manifestações de leitores nas páginas dos jornais argentinos, percebe-se claramente que os argentinos têm um gosto amargo de perdedores. Sua elite política é uma imundice(pelo menos isso não é só lá?), o país não anda, a corrupção campeia, e ver seu país desclassificado para a copa do mundo de maneira vergonhosa é a cereja que faltava no bolo.


Los hermanos podem servir de balão de ensaio. Se esse estado de terra-arrasada acabar se revertendo em manifestações e ações populares que mudem o estado de coisa, principalmente política, vou começar a torcer para que nossa Seleção comece a perder também. Pelé técnico 2010!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Índio quer apito.



Raoni: “Francês vem um dia no Brasil comemorá ano da França, índio tá todo ano aqui e só tem um dia que ninguém comemora.”

Sarcozy: “Brazilerro bonzinho. Com acordo de avión e submarrina, dinheirro da pré-sal vai prra povo como quer Lula, mas prra povo francês. Très bien!”

Transferência de tecnologia.


Lula: “Minsina falá francêis?!...”

Sarcozy: “Faz biquinho, faz.”

Interesse binacional.


Lula: "Lindo!"

Sarcozy: "Fofo!"

domingo, 6 de setembro de 2009

O candidato das privatizações.


As eleições ainda estão longe, mas é pelo acompanhamento das figuras públicas e seus atos que a gente vai tendo uma visão mais próxima do real, ficando menos a mercê das palavras bonitas, gestos e cenas das campanhas.

O governador de São Paulo, José Serra, aprovou na Assembléia Legislativa do Estado, projeto de lei que terceiriza(privatiza) 25% dos atendimentos em hospitais públicos para a iniciativa privada, que seria atendimentos a planos de saúde, etc. O projeto se estende ao campo cultural e esportivo.

Parece que está sobrando vaga nos hospitais públicos estaduais e aí entrega-se parte ao atendimento particular. O problema é que não está. O que está é faltando vaga e que a dúvida que logo vem é: aonde vão ampliar em até 25% o atendimento se os hospitais estão lotados. A saúde pública é um dos setores mais criticados pela população, seja estadual, seja municipal. Só trocando, botando gente pra fora para atender quem pague.

Lembra o sistema americano em que o atendimento médico é geralmente pago. Quem quiser ser atendido no sistema público, tem que provar que é miserável e se sujeitar a filas.

Mais verba para o sistema de saúde é positivo, mas a que custo, deixando parte da população – já pobre e sem recurso – sem atendimento médico?

Este fulano que governa o Estado quer ser presidente da república, e vai vir – como todos os outros – fazendo discurso de defensor do interesse do povo e da nação. Aproveito pra fazer um gancho ao assunto do momento que é o famoso “marco regulatório” do petróleo. Se esse governador botar a faixa presidencial, há uma grande chance de todo esse petróleo do pé-sal e outros mais que venham a ser descobertos, serem privatizado, entregues às multinacionais, que estão babando pra botar as mãos nesses recursos.

Vai de cada um. Quem acha que esses recursos são estratégicos e deve haver um controle do Estado, que tome cuidado com esse tipo de candidato, já quem defende que o que vale é dinheiro no bolso e que o Estado é pernicioso, que o pais tem que se abrir, se globalizar e tal, então esse é “o” candidato. Só tem uma coisa: depois que estiver tudo na mão de empresas nacionais e estrangeiras, pode-se dizer que não tem mais como voltar atrás, já era!

O brado retumbante de 1822.

Clique na imagem para ampliar.


Vem chegando o feriadão de 7 de setembro, e é comum nesses dias aparecerem revistas, jornais, e até mesmo programas de rádio perguntando quantos erros tem o famoso quadro “Independência ou Morte” de Pedro Américo, que todo mundo já viu pelo menos n'algum livro de história em seu tempo de escola , também conhecido como “Grito do Ipiranga”.

Primeira coisa: a intenção da obra não era ser uma “foto” fiel aos fatos e detalhes, mas exaltar um fato épico: a independência do Brasil.

Segunda coisa: Tanto quem encomendou a obra – sim, não foi iniciativa própria, mas uma encomenda – quanto quem a pintou não eram historiadores nem era essa a pretensão. A intensão era prestar homenagem à grandeza do ato histórico da “proclamação” e não se ater a “coisas menores”, se tinha muita ou pouca gente, se a moita estava assim ou assado, etc.

Vamos aos fatos

A corte portuguesa havia se mudado(fugido) para o Brasil em decorrência da invasão de Napoleão à Portugual. Isso foi em 1808, e em 1815 Napoleão caiu e, capitaneado pela Áustria, o Congresso de Viena impôs que todas as mudanças impostas pelo corso(Napoleão) fossem desfeitas, ou seja, as monarquias absolutistas seriam reconduzidas aos seus tronos.

Dom João VI se utilizou do “jeitinho brasileiro”elevando o Brasil a condição de Reino Unido de Portugal e Algarves, porque assim ele não precisaria se mudar. Em 1820, estoura em Portugal uma revolta exigindo o retorno do rei. O rei é de Portugal ou é do Brasil? Tem algum rei que mora em uma de suas colônias? Por que o rei de Portugal não vive em Portugal, como todos os outros monarcas, raios?

Contrariado, Dom João VI levanta âncora e volta á sua terra no além mar, deixando para tomar conta da colônia seu filho na condição de regente, o príncipe Dom Pedro I.

Ao chegar em Portugal, Dom João cede às pressões portuguesas que exigiam que o Brasil voltasse a condição de mero quintal produtor e exportador à serviço da metrópole. Dentre as exigência, estava o retorno de Dom Pedro à Europa, o que ele (Pedro)não queria em hipótese alguma, até por que via em sua ausência, não só o fim da monarquia, como o esfacelamento do território em vários países republicanos.

A pressão foi aumentando, a coisa foi esquentando, e em lá pelo meio de 1822, o relacionamento entre a corte portuguesa e o Brasil havia se degringolado. A qualquer hora era esperado que a frota (frota é um conjunto de navios de guerra) portuguesa iria chegar e bombardear tudo, pegar Dom Pedro pelas orelhas e fazer cumprir os desígnios da coroa.

Nos primeiros dias de setembro, o príncipe “defensor perpétuo do Brasil” como havia sido declarado, vai ele mesmo vistoriar a costa (o litoral) certificar se a fortificação do porto estava pronta para o sauceiro.

Dom Pedro estava em trajes informais, e nessas de vistoriar o litoral, aproveitou para dar uma esticadinha sem compromisso à casa de sua amante, a futura “marquesa de Santos”. Pelo fato dessa “passadinha” por alí, o príncipe não era acompanhado por grande contingente de tropas, muito pelo contrário, acompanhava-o apenas sua guarda pessoal e seu amigo de farras noturnas, o Chalaça, apontado como responsável por arrumar amantes para sí e para o príncipe.

Saindo dalí em caminho ao planalto paulista, como era um terreno íngreme, o melhor transporte era em lombo de algum muar, jegue, burro, etc. Assim foi.

Quando Dom Pedro chega às margens plácidas do Ipiranga, é acometido de um insurreição intestinal, e essa parada, é a responsável pelos mensageiros os terem alcançados alí. Lendo a carta enviada por seu ministro e conselheiro, José Bonifácio, e de sua esposa e regente, D. Maria Leopoldina, que expressaram que urgia tomar providências, Dom Pedro teria então “p” da vida, “proclamado” a tal da independência em relação à corte portuguesa.

Voltando ao quadro

Será que alguém iria pintar ou mandar pintar um quadro de um momento épico como a independência do pais, com seu principal protagonista em trajes sumários, acompanhado de meia-dúzia de soldados igualmente trajados, montados em burros, acompanhado de um devasso e de tez pálida devido a incontinência intestinal?

Outra coisa: sabe quem encomendou a obra? Ninguém menos que Dom Pedro II, imperador do Brasil, um homem patriota acima de tudo e filho do protagonista que está no centro do quadro, de “espada”(florete) em punho dando o “grito”. Uma curiosidade: aquelas fardas alvas dos soldados não existia, foi invenção de Pedro Américo, ou uma adaptação de uma outra aquarela, ou seja, ele pintou se baseando em outra pintura.

Se um monarca, encomendasse uma obra em que fosse retratado o momento ímpar do surgimento da nação e que esse fato grandioso tivesse sido feito por ninguém menos que seu pai, como será que deveria sair essa ilustração? Fiel e chinfrim, ou em trajes de gala, montados em cavalos puro-sangue com sua guarda de honra vestida a carater como o momento exige, e populares em volta também nos “trinques”?

Apesar de carregada de um nacionalismo romântico, é uma obra expressiva, monumental.

Então voltando ao quadro. Quantos erros pode-se apontar, ou invertendo a pergunta: há alguma coisa alí retratada próxima do real, do ocorrido?